Função do Psicológo em instituições de Acolhimento
Função do Psicológo em instituições de Acolhimento
Introdução
O presente trabalho é parte integrante de uma
visita feita ao Centro de Apoio a Velhice de Lhanguene tem por objectivo
descrever de forma sucinta o trabalho realizado neste centro. A visita ao
centro de apoio teve como linhas orientadoras a observação, reflexão, avaliação
dos idosos institucionalizados. Ademais, o trabalho teórico reforçou-se com uma
revisão de literatura relacionada com o aconselhamento psicológico, dito por
outras palavras, estamos dizendo que o trabalho fala do aconselhamento
psicológico em situações de gerontologia.
Numa primeira fase é feita a caracterização da
instituição e da população alvo que a mesma serve. Após a contextualização do local, entramos na
segunda parte onde é feito um enquadramento teórico sobre o envelhecimento e a
terceira idade. Segue-se mais adiante uma reflexão sobre a importância do papel
desempenhado pelo psicólogo em contexto geriátrico. Na terceira parte do
trabalho temos as nossas conclusões.
Objectivos do
trabalho
Geral
Compreender o aconselhamento psicológico em Idosos Institucionalizados
Objectivos
específicos
Descrever o trabalho realizado no centro de Apoio a Velhice de Lhanguene, cidade de Maputo;
Identificar as características do centro e do público-alvo atendido no
centro;
Identificar diferenças existentes entre idosos institucionalizados e
não institucionalizados;
Descrever o papel do psicólogo no aconselhamento aos Idosos
institucionalizados.
Metodologia de
trabalho
Para a realização do presente trabalho fez-se
uma observação ao Centro de Apoio a Velhice de Lhanguene, na cidade de Maputo.
Fez-se também uma pesquisa bibliográfica com base na leitura de livros e
artigos com vista a concretizar os objectivos pretendidos com o tema.
PARTE I: TRABALHO DE
CAMPO – Centro de Apoio a Velhice de Lhanguene
1.1 Caracterização do
Centro
O Centro de apoio a Velhice Lhanguene está localizado na
Avenida da OUA na cidade de Maputo, ao lado do Hospital Geral José Macamo. O
Centro alberga no total 50 idosos, dos quais 23 mulheres e 27 homens e está sob
a gestão do Instituto Nacional de Assistência Social.
O Centro de Apoio a Velhice de Lhanguene é assim por denominação
um Lar de Idosos, mas todos os seus promotores, colaboradores, residentes a
consideram uma residência familiar.
O centro foi projectado para proporcionar o máximo de
conforto e comodidade aos seus residentes, pelo que funciona 24 horas por dia,
365 dias por ano, com a responsabilidade permanente do INAS. Não acolhe apenas
idosos abandonados ou carentes; acolhe também crianças, adolescentes e jovens
em situações de vulnerabilidade.
Os residentes do centro podem, ainda, usufruir de certas
actividades de comunicação oral e de expressão corporal; podem actualizar-se,
já que o centro possui uma sala televisa na qual eles podem certas programações
televisivas desde jornal, telenovelas, programas de música etc.
Caracterização da
população alvo
As principais características observadas no centro,
cinge-se no facto de os idosos ali acolhidos serem não na sua maioria de rostos
tristes, com o pensamento longe e coração apertado. Vivem no centro de apoio a
velhice de Lhanguene por diversas razões. Alguns perderam-se da sua família.
Tudo o que eles mais querem é voltar a viver perto de quem mais amam. Os
idosos enfrentam muitas dificuldades no meio social, onde muitos têm sido
abandonados pelos seus familiares, e outros rejeitados. Certos idosos foram
abandonados nos hospitais enquanto da sua hospitalização aquando estavam
doentes. Outros são aqueles que são acusados de fazerem actos de feitiçaria.
Assim, certas famílias envolvem-se emocionalmente
evitando as pessoas idosas. Deste modo,
o idoso residente no centro, consegue centrar-se em si mesmo, vivenciando e
sentindo cada momento, o que lhe possibilita enfrentar a sua realidade e
estimular o processo de construção e assimilação de aprendizagens e percepções.
Segundo SOUSA, GALANTE e FIGUEIREDO (2003) o
levantamento das características da população a quem se destinam os serviços de
uma instituição é o primeiro passo para torná-los mais eficientes. É a partir do conhecimento destas
características e das suas necessidades que se pode determinar como intervir
junto de quem procura ajuda. De acordo com os autores, perante estes factos
importa desenvolver meios que melhorem a qualidade de vida e bem-estar dos
pacientes pelo que é fundamental dinamizar medidas adequadas que permitam
alcançar um envelhecimento bem-sucedido.
Enfatizamos que os actuais residentes do Centro de Apoio
a Velhice de Lhanguene não ingressaram na instituição por vontade própria ou
dos seus cuidadores, foram abandonados e outros são aqueles maltratados pelas
suas famílias bem como os acusados de feiticeiros.
Na conversa com um dos responsáveis do centro, no que
respeita ao estado físico e mental, os utentes apresentam, de forma geral,
problemas cujo grau de gravidade abrange os domínios cognitivo, físico-motor, social
e afectivo. Existem alguns idosos que requerem cuidados permanentes e ajuda em
todas as suas actividades quotidianas, os restantes necessitam de assistência
em pelo menos uma actividade básica de vida diária.
PARTE II: ENQUADRAMENTO
TEÓRICO
Envelhecimento e Terceira
Idade
O envelhecimento apresenta-se como um fenómeno
culturalmente construído, que varia de sujeito para sujeito e de época para
época, pelo que definir este processo se torna uma tarefa complexa, uma vez que
cientificamente é encarado de formas distintas. Contudo, há uma ideia comum e
transversal a todos os autores: é um
processo irreversível, que se inscreve no tempo (PAPALÉO-NETTO, 2007).
O envelhecimento da população constitui um dos
maiores desafios que, actualmente, se coloca a nível mundial e Moçambique não é
excepção, o que pode ser comprovado pelos estudos feitos em relação a essa
camada populacional[1].
As estatísticas apontam que se as projecções
das Nações Unidas a longo prazo forem rigorosas, a proporção de idosos em
Moçambique em 2080 será de cerca de 14,5 por cento da população total de 70
milhões de pessoas. Isto significa que, apesar de um processo de envelhecimento
da população relativamente lento, a população de idosos aumentará em termos
absolutos dos actuais 1,2 milhões para cerca de 10 milhões em sete décadas. Ou
seja, mesmo que a proporção de pessoas mais velhas não aumente, a população
idosa de Moçambique está a crescer em termos absolutos (FRANCISCO, SUGAHARA
& FISKER, 2013).
Por exemplo, num estudo recente, SUGAHARA e
FRANCISCO (2012c citado por FRANCISCO et
al., 2013) chamaram a atenção para o facto de, nos próximos 50 anos, a
população idosa em Moçambique vir a crescer de apenas um pouco acima de um
milhão de pessoas para cerca de nove milhões em 2070s enquanto se espera que a
taxa de dependência dos idosos aumente dos pouco
mais de 5%.
Aspectos a ter em
conta em relação aos Idosos Institucionalizados: uma comparação com Idosos não-institucionalizados
Normalmente os idosos institucionalizados
apresentam comportamentos diferentes com os não institucionalizados. Os centros
de acolhimento não cuidam muitas vezes os idosos por esses serem muito
dependentes.
Face a isto, VAZ (2009) menciona que a maioria
dos investigadores apresenta essencialmente críticas negativas aos cuidados
institucionalizados prestados a idosos, focando a deterioração física,
psicológica e social que deles resulta, descrevendo a vida em comunidade com
preferível à vida institucional.
Segundo CALENTI (2002) as instituições
dificilmente podem criar ambientes tão ricos e estimulantes como os da
comunidade, privando as pessoas de experiências comuns à maioria dos idosos. O
autor afirma ainda que a vida numa instituição não é propícia para o
desenvolvimento de capacidades sociais necessárias para interagir com o resto
da sociedade, pois é desprovida de relações pessoais produtivas.
VIEIRA (1996); CARVALHO e FERNANDES (1999)
sustentam ainda que a institucionalização é uma situação stressante e
potenciadora de depressão. LENZE (2003) refere que a depressão é mais comum em
idosos institucionalizados do que nos idosos que vivem nas suas próprias casas.
Olhando os idosos acolhidos ou
institucionalizados com os que vivem nas suas casas ou famílias, pode-se notar
algumas diferenciações.
Neste sentido, podemos aferir que os cuidados
feitos pelos centros de acolhimento não dão a devida atenção as pessoas idosas.
Mas, para concretizar a nossa ideia, segundo BARROSO e TAPADINHAS (2006)
realizaram um estudo com 40 idosos institucionalizados e 40 idosos não
institucionalizados com o objectivo de os comparar em termos de depressão e
solidão. As autoras concluíram que os
idosos institucionalizados apresentavam mais sentimentos de solidão e maiores
níveis de depressividade. Ainda neste estudo, os resultados mostram que, ao nível
do estado civil, os idosos casados são os que apresentam menor solidão e os que
relativamente à percepção pessoal de preocupação familiar e dos amigos e à
recepção de visitas dos amigos, foram os que tinham menos contacto e percepção
de preocupação dos amigos e familiares quem apresentou mais sentimentos de
solidão. Os idosos que apresentavam
menor percepção da preocupação dos amigos e menor ocupação dos tempos livres
com leitura foram os que apresentaram maior depressão.
RUCAN et
al., (2010), por sua vez, também compararam idosos não institucionalizados
e institucionalizados em lares e concluíram que os institucionalizados têm um
risco mais elevado para a existência de depressão moderada a grave do que os
idosos não institucionalizados, tendo os dois grupos distribuições similares por
faixa etária e estado civil. Os idosos institucionalizados declararam com mais
frequência a presença de pensamentos suicidas do que os não-institucionalizados.
Psicoterapia na Terceira
Idade
Existem teorias que referem a resistência do
idoso à psicoterapia devido ao estereótipo de que o idoso é um ser inflexível,
antiquado e dependente, com traços de personalidade suficientemente fundados
resultando numa difícil aquisição de resultados positivos (COOK et al., 2005).
Lilien Martin (citado por Cook et al., 2005)
foi vanguardista no campo da psicoterapia com idosos ao pretender vencer o
pessimismo implícito ao envelhecimento. Mais tarde, surgiu Rechtchaffen (citado
por Cook et. al, 2005) que veio invalidar a ideia de homogeneidade de ser e
pensar na terceira idade, afirmando que os idosos diferem entre si em termos de
capacidades e recursos internos e externos, logo são capazes de usufruir da
psicoterapia (Cook et. al, 2005).
Cook e colaboradores (2005) dizem ser importante
adaptar as técnicas desenvolvidas para jovens adultos, de forma a serem mais
adequadas para pessoas idosas, indo de encontro às necessidades destes.
O atendimento psicoterápico deve ser
direccionado para o alívio sintomático, para ajudar a lidar com alterações na
situação de vida e aceitação de uma situação de maior dependência, auxiliar no
desenvolvimento da capacidade de falar sobre si mesmo e sobre seus problemas,
ajudar a lidar com a ansiedade face ao envelhecimento e à morte/luto, aliviar
sentimentos de insegurança, melhorar auto-estima e aumentar a capacidade para
utilizar os recursos da comunidade (COOK et al., 2005; TERI & LOGSDON,1992 citado
por REBELO, 2007). Trata-se, portanto,
de uma psicoterapia de apoio (REBELO, 2007).
O objectivo da psicoterapia varia de acordo
com o quadro clínico do paciente. Os idosos mais debilitados, com problemas
cerebrais orgânicos severos ou doenças graves, necessitarão de uma abordagem
voltada para auxiliá-los a enfrentar os problemas físicos e, eventualmente, a
depressão decorrente. Nessas situações,
o envolvimento da família na abordagem terapêutica não só é fundamental, como
muitas vezes passa a ser o foco principal do atendimento. Já os idosos que não
apresentam deterioração no seu funcionamento procuram na terapia a prevenção de
problemas futuros (COOK et al.,
2005).
Avaliação psicológica
A avaliação psicológica refere-se à aplicação
de múltiplos testes psicológicos e observação comportamental. Pretende-se avaliar as capacidades do utente
a vários níveis, ou obter um diagnóstico diferencial que ajude a entender as
características psíquicas e, por sua vez, a sua patologia mental (CATES, 1999).
Na avaliação psicológica em contexto
gerontológico é necessário ter em conta alguns pontos, tais como perda de
capacidades físicas e psíquicas, e o surgir de patologias degenerativas. Como tal, as escalas de avaliação devem ser
breves para evitar cansaço, e escolhidas de acordo com o que realmente
interessa no caso em questão, é importante atender à singularidade de cada
caso. É, igualmente, importante que possam ser avaliadas as pequenas
alterações, sejam estas melhorias ou declínios, que possam ocorrer na pessoa ao
longo do tempo (ANASTASI & URBINA, 2000).
Os objectivos da avaliação em contexto
gerontológico são: monitorizar o processo de envelhecimento, caracterizar
o funcionamento psicológico
identificando recursos e vulnerabilidades, identificar
áreas que necessitam
de intervenção e
orientar a tomada
de decisão, avaliar as capacidades cognitivas dos indivíduos e as suas
capacidades para realizar determinadas tarefas, avaliar o impacto que, nos
casos em que o idoso sofre de uma patologia, essa patologia
tem no indivíduo
(quer do ponto
de vista psicológico,
quer ao nível
da sua adaptação e qualidade de
vida) (ANASTASI & URBINA, 2000).
No final é elaborado um plano terapêutico que
seja mais adequado à problemática da pessoa.
Este pode passar pelo seu seguimento em reabilitação cognitiva e/ou
acompanhamento psicológico.
Aconselhamento
Psicológico em gerontologia
O acompanhamento psicológico e a psicoterapia
são métodos de tratamento para alívio dos problemas de natureza psicológica.
Tentando seguir os princípios de Carl Roger no
processo de aconselhamento psicológico, o foco deve centrar-se no idoso, a
autoridade da pessoa reside mais nela própria do que no especialista exterior,
dando assim ênfase à visão do cliente do que à do terapeuta (BOZARTH, 2001).
Desta forma, é considerada uma terapia não-directiva, que confia no cliente e
na sua capacidade para auto-organizar e autodireccional, promovendo assim a sua
autonomia (FREIRE & TAMBARA, 2001; HIPÓLITO, 2011).
Acredita-se que os clientes avançam pelos seus
caminhos, ao seu próprio ritmo e crescem com os seus próprios meios. O ponto de
vista do terapeuta é irrelevante, uma vez que apenas funciona como facilitador
do processo actualizante do cliente. Dessa forma, o processo encontra-se todo
direccionado para o desenvolvimento (BOZARTH, 2001; FREIRE & TAMBARA, 2001;
HIPÓLITO & NUNES, 2000).
O psicólogo clínico debruça-se sobre o estudo,
pesquisa e avaliação do desenvolvimento emocional e dos processos mentais e
sociais do indivíduo, grupos e instituições.
Neste particular, tem como objectivo diagnosticar e avaliar distúrbios emocionais
e mentais e de adaptação social, bem como acompanhar o paciente durante o
processo de tratamento, no sentido de contribuir para a promoção de comportamentos
e modos de vida mais saudáveis (RODRIGUES, 2004).
Contudo, a actuação do psicólogo clínico vai
além das competências técnicas e da intervenção psicológica, pois engloba um
conjunto de relações sociais, valores e papéis, que se traduzem em questões
éticas e deontológicas (REIMÃO, 2008).
As concepções do psicólogo e as suas
actividades variam consoante o setting
terapêutico, mas existem três dimensões comuns a todos eles: (1) a avaliação e
o diagnóstico; (2) a prática de terapias ou reeducação; (3) o aconselhamento e
a intervenção institucional (PEDINIELLI, 1999).
A intervenção do psicólogo em contexto
geriátrico recai, sobretudo, na melhoria e reabilitação das problemáticas
psicológicas, no sentido de compreender como pode contribuir para melhorar o
bem-estar dos indivíduos e a sua qualidade de vida através da intervenção
psicológica (GATCHEL & OORDT, 2003; TEIXEIRA, 2004).
Uma das principais funções do psicólogo, neste
contexto, é estimular os idosos institucionalizados a encontrarem um sentido
para as suas experiências de vida, bem como uma forma salutar para enfrentar as
implicações psicológicas que advêm do facto de viverem numa instituição
(BATEMAN, BROWN, & PEDDER, 2003).
O esforço e trabalho diário do psicólogo
orienta-se no sentido da concretização dos seguintes objectivos:
(1)
proporcionar serviços permanentes e adequados à satisfação das necessidades
dos residentes;
(2)
contribuir para o normal desenvolvimento do processo de envelhecimento e
evitar a sua degradação, prestando serviços de qualidade;
(3) prestar o apoio necessário às famílias dos
idosos no sentido de fortalecer a relação inter-familiar e preservar os laços
afectivos;
(4) prestar um acompanhamento psicossocial de
qualidade que contribua para o aumento do bem-estar e do equilíbrio psicoafectivo
do idoso;
(5) intervir em situações de crise derivadas
das patologias;
(6) instruir os auxiliares de acção directa no
que respeita aos procedimentos a ter com os residentes (exemplo: cuidar, conversar);
(7)
aumentar a autonomia dos utentes ao nível das actividades de vida diárias;
(8) promover o convívio social e o bom
relacionamento entre residentes, profissionais e familiares (BARROS, LEAL,
& SILVA, 2013).
O papel do psicólogo é, ainda, importante para
reforçar os recursos do próprio indivíduo para a preservação da saúde mental,
estimular a sua participação em actividades educacionais e sociais, incentivar
a criação de novos interesses e apoiar a participação em actividades que
estimulem a criatividade, a sociabilidade e a participação comunitária. Estas actividades contribuem, em larga
escala, para a realização de metas pessoais e a atribuição de um sentido
pessoal a esta nova fase das suas vidas (CORREA, FERREIRA, FERREIRA &
BANHATO, 2012).
Em contexto geriátrico, uma das preocupações
do psicólogo deve ser encontrar as soluções que melhor respondam às
necessidades dos idosos, tendo sempre em conta os aspectos diferenciados das
suas personalidades. Neste particular, é
importante, criar um clima de confiança e segurança emocional com o idoso,
apoiando-o e encorajando-o a conservar uma imagem positiva de si próprio.
Falar sobre o passado é muito mais do que
recordar, é vivenciar as experiências duas vezes, pelo que a utilização de
técnicas de reminiscência, poderá permitir ao idoso experimentar emoções
positivas que lhe podem ser muito úteis no futuro. Este processo tem uma função
importante na adaptação à nova realidade e na anuência de ter que conviver com
a sua doença. Destaca-se, ainda, a
necessidade de encorajar e estimular os residentes a manter as relações
sociais, em particular com a família mais próxima, pois o suporte social tem um
papel extremamente importante para o idoso, ainda para mais quando se encontra
institucionalizado (AMATUZZI, 2001).
Embora, esta população apresente características
comuns e universais, cada caso é singular e único, pelo que deve ser
cuidadosamente compreendido e avaliado.
Deste modo é essencial existir uma relação de
ajuda, autenticidade, empatia e comunicação e acima de tudo, respeito e
consideração pela pessoa (BELÉM, 2004).
O psicólogo deverá ser capaz de minimizar o
sofrimento do paciente e dos seus familiares, sendo por isso, primordial
acompanhar a evolução do paciente no que diz respeito aos aspectos emocionais
que advêm da sua patologia (CORREA et al.,
2012).
Reabilitação
Cognitiva
Com o passar dos anos e o avançar da idade,
algumas funções cognitivas, como a memória e o raciocínio, começam a
deteriorar-se.
As pessoas idosas que se encontram mais
preservadas são aquelas que são mais estimuladas a nível cognitivo. As áreas que devem ser exercitadas, de modo a
ter um bom envelhecimento, são aquelas que envolvem funções executivas e
funcionais, tais como: planificação, atenção, selecção e coordenação (SKA & JOANETTE, 2006 citado por
CABRAL, 2014).
Dessa forma é essencial fazer exercícios que
explorem estas capacidades cognitivas, aumentando assim o nível de eficácia na
realização das tarefas do dia-a-dia e promovendo a autonomia. Para além das
funções cognitivas também é importante ter em consideração outros aspectos como
o exercício físico, a qualidade do sono, a existência de patologias e a
actividade social da pessoa (SKA & JOANETTE,
2006 citado por CABRAL, 2014).
O conceito de psicoestimulação deriva da noção
que é crucial estimular as funções cognitivas de modo individual ou em grupo,
tendo como objectivo a recuperação ou tentativa de preservação de capacidades
da pessoa (FRANCO-MARTÍN & ORIHUELA-VILLAMERIL, 2006; MORGANTI, 2004).
A unidade de memória desenvolvida no Centro
tem como objectivo a intervenção ao nível da reabilitação neuropsicológica,
promovendo a recuperação ou preservação das capacidades cognitivas. Esta intervenção tem com base exercícios que
desenvolvem as diversas funções cognitivas acima mencionadas (FRANCO-MARTÍN
& ORIHUELA-VILLAMERIL, 2006).
A reabilitação deve ser praticada em contexto
multidisciplinar, combinando outras intervenções como psicoterapia e grupos
psicopedagógicos para familiares. Deve ser encarado como um trabalho em equipa,
envolvendo os familiares dos utentes e outros profissionais de saúde,
procurando assim melhorar o funcionamento do paciente no seu dia-a-dia (ANDERSON,
WINOCUR & PALMER, 2010).
A reabilitação cognitiva passa pela realização
de exercícios de forma manual e com recurso a objectos e materiais
físicos. Exercitando, de modo versátil,
as diversas funções cognitivas através de exercícios lúdicos ou jogos, leitura,
recordação de eventos ou o contar de histórias (GARCÍA, 2009).
PARTE III: CONCLUSÃO
Nesta parte do presente trabalho pretendemos tecer
algumas considerações finais. Contudo, fica evidente que o envelhecimento da
população representa um dos fenómenos demográficos mais preocupantes das
sociedades modernas do século XXI. O propósito deste trabalho inseriu-se nesta
problemática, e fez-se uma visita ao Centro de Acolhimento a Velhice de
Lhanguene com vista a analisar a situação vivida pelos pacientes albergados no
local. No decurso da realização do trabalho, enfatizou-se o papel do psicólogo
frente as pessoas idosas, especialmente aquelas que se encontram
institucionalizadas. Deste modo, quando se trata desses assuntos, o psicólogo
deve ter em conta que cada pessoa é única e a intervenção tem que ser feita a
partir da sua história de vida, de modo a promover a sua dignidade, respeitar a
sua individualidade e acima de tudo a validar as suas emoções e sentimentos.
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[1] Cf.
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