Breve Historial dos sistemas de informação
Nos dias de hoje a
informação é considerada o principal activo da sociedade. Ter a informação
certa no momento certo pode representar a diferença entre o lucro e o prejuízo,
entre a decisão correcta e a errada, entre sucesso e fracasso.
Porém, essa importância não
é consequência do desenvolvimento dos computadores, antes esta importância foi
se consolidando ao longo dos anos, sendo os computadores a consequência desta
consolidação.
Assim, de acordo com Bio (1991); Braga (1996), a evolução
da escrita se apresenta como a primeira estruturação da informação, permitindo
sua reprodução de geração em geração. Antes da escrita, boa parte do
conhecimento se perdia, pois esta era passada de forma verbal. A escrita
permitiu que esse conhecimento ficasse registado e se perpetuasse na história.
Porém, a utilização dos escribas como meio de reprodução da informação era
ineficiente, além do risco ao conteúdo, inerente ao processo. A importância
dada à informação motivou o primeiro grande salto tecnológico da informação: A
prensa de tipos móveis, Inventada por Bi Sheng na China entre 1041 e 1048 e
aperfeiçoada e popularizada por Gutemberg por volta de 1439, se tornou o
primeiro salto tecnológico da informação, bem como o alicerce do
desenvolvimento tecnológico da humanidade.
Quando Martinho Lutero liderou a chamada reforma protestante,
uma das suas primeiras acções foi traduzir a Bíblia, livro sagrado do
cristianismo, do latim para o alemão e disponibilizá-la de forma impressa para
a população. Tal acção serviu não só para disseminar informação e conhecimento
acerca das escrituras e fortalecer a crença na sua doutrina, mas também teve
papel relevante na evolução e aperfeiçoamento da língua alemã (Bio,
1991; Braga, 1996).
Por conta da evolução tecnológica, o mundo também presenciou
a primeira consequência da má utilização das tecnologias aplicadas a
informação: A Bíblia maldita. Por conta de um erro tipográfico, em 1631, foi
publicada uma versão da Bíblia esquecendo-se do “não” do nono mandamento, sendo
este impresso como “Cobiçarás a mulher do próximo”, e que custou aos
responsáveis uma multa de $300 libras – equivalente a algo próximo a $44.000
libras nos dias actuais – além da revogação do direito de imprimir a Bíblia e
muitos problemas na relação do povo com o texto sagrado (Cautela &
Polloni, 1982).
A evolução do conhecimento e das tecnologias ao longo do
tempo permitiram o surgimento da revolução industrial, quando houve uma
drástica mudança na forma de se produzir, surgindo junto a necessidade de
entender como o processo de produção acontecia, pois era fundamental para a
lucratividade do negócio. Desde então o ser humano começou a estruturar as
informações de maneira que pudesse acessá-la da forma rápida, simples e o mais
confiável possível.
Não existe uma data definida para o início da revolução
industrial, antes, foi um processo lento que durou algo em torno de 80 anos,
entre 1760 e 1840. Marcando o fim do período feudal, a revolução industrial
inaugurou uma nova forma de produção. O desenvolvimento da máquina a vapor e os
avanços na utilização do ferro favoreceram a produção em larga escala, o que
transformou o modo de vida e ampliou o acesso aos produtos no mundo inteiro.
Neste mesmo período houve uma das mais importantes evoluções
na gestão da informação: O surgimento da contabilidade de custos e da
contabilidade gerencial. Com a produção baseada em máquinas evoluindo de forma
significativa, o controlo dos custos tornava-se cada vez mais complexo,
especialmente pelo volume e complexidade da produção. Passar a ter controlo
efectivo sobre estes custos e seus impactos nos resultados das empresas se
tornou imprescindível para a evolução dos sistemas de produção, que precisavam
ser rentáveis para que pudessem manter os investimentos necessários que o
manteriam viáveis comercialmente. Pamplona (1998, p. 2) cita que as primeiras
organizações a desenvolverem sistemas de contabilidade gerencial foram as
tecelagens de algodão nos Estados unidos, aproximadamente em 1812.
Em 1858, motivados pelas relações comerciais, o americano
Charles Field e os britânicos Charles Bright com os irmãos John e Jacob Bret
fundaram uma empresa e lançaram um cabo telegráfico entre os Estados Unidos e a
Inglaterra. Apesar do fracasso do empreendimento, já que o cabo falhou poucas
semanas depois de inaugurado, foi lançado oito anos depois uma solução
definitiva para a comunicação intercontinental, reduzindo assim o tempo das
comunicações entre os dois países da casa de aproximadamente dez dias para
questão de minutos, o que agilizou a obtenção de informações para o processo
comercial e de produção.
Para Oliveira (2004) com o passar do tempo a evolução, não
só dos processos de gestão da informação mas também das tecnologias, em
especial da electrónica, permitiu ao ser humano armazenar cada vez mais
informação e de forma cada vez mais simplificada. A partir da sétima década do
século XX, com o avanço da electrónica, popularizou-se o armazenamento e o
processamento electrónico das informações, o que causou um salto de qualidade
nas informações disponíveis, aumentando em muito a qualidade das decisões
corporativas.
O grande salto evolutivo nos sistemas de informação aconteceu
nos anos 1980, com a popularização dos computadores. A globalização, segundo Boaventura (2001) que
teve início no final dos anos 70 do século XX, aumentou significativamente as transacções
comerciais entre as nações, o que impactou directamente a produção das
empresas. Apesar de existir um sistema de gestão de informação estruturado
sendo utilizado pelas empresas, este possuía limitações operacionais, por conta
do volume de informação que ele poderia conter sem perder a agilidade na
manipulação destas, e de custos, por conta do número de pessoas que seriam
necessárias para manipular um volume muito grande de informações.
O Computador rompeu esta barreira e permitiu manipular um volume significativo de informação que, de outra forma, não poderia ser manipulada com precisão e segurança. Além da velocidade na manipulação de informações, os computadores permitiram também a redução no número de pessoas necessárias para manipulá-las, bem como impactou de forma significativa o tempo necessário para a tomada de decisão. Com isto houve uma redução significativa nos custos indirectos da empresa, bem como um aumento significativo na qualidade do processo de tomada de decisão.
Referências Bibliográficas
Bio, B. F. (1991). Sistemas de informação: um enfoque gerencial. São Paulo: Atlas.
Boaventura, I. A. G. (2001). Fundamentos organizacionais de sistemas de informação. Unesp.
Braga, A. (1996). A gestão da informação. Portugal.
Cautela, A. L. & Polloni, E. G. F. (1986). Sistemas de informação. Rio de Janeiro: McGraw-Hill,.
Oliveira, D. P. R. (2004). Sistemas de informações gerenciais: estratégias, tácticas, operacionais. 9 ed. Atlas. São Paulo.
Pamplona, E. O. (1998). A contabilidade Gerencial. São Paulo: Ed. Pioneira volume.
[1]
Idem, CAUTELA e POLLONI (1982)
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