Os Problemas enfrentados pelos jovens na actualidade
Os Problemas enfrentados pelos jovens na actualidade
1 Introdução
Nos dias actuais, os jovens enfrentam diversos desafios
relacionados há vários aspectos como é o caso do emprego, formação académica/profissional,
consumo de substâncias psicotrópicas entre outros. Neste sentido, se problematizam
sobre os reais impasses enfrentados pelos jovens, bem como as alternativas que
estes utilizam nestas relações. Este trabalho é de natureza bibliográfica e foi
realizado na base de material sobre aspectos relacionados com os desafios
enfrentados pelos jovens a nível mundial. Assim, pretendemos sistematizar
aspectos dessa temática, apresentando uma introdução ao tratamento dos
principais desafios enfrentados pela camada juvenil.
O objectivo central do trabalho, é compreender os principais
problemas que enfrenta a cama juvenil contribuindo para uma reflexão sobre
aspectos a balizar a políticas adequadas para os jovens. Especificamente
pretendemos: descrever os principais problemas enfrentados pelos jovens,
identificando as respostas face a esses problemas, analisar as principais
respostas a nível social e familiar.
2- Os Problemas dos Jovens
Actualmente diversas pesquisas demonstram que os jovens são
a camada mais vulnerável da camada da terra, pois, a inserção produtiva dos
jovens consolida-se como um grande desafio. Trata-se de um público mais
vulnerável, que enfrenta maiores dificuldades de inserção no mercado de trabalho
e tende a encontrar ocupações mais precárias, situação agravada, em muitos
países, pela baixa escolaridade e pela fragilidade da formação educacional de
grande parte da população.
2.1- O Emprego é um dos maiores Problemas
actuais para os Jovens
Conforme referíamos antes que um dos grandes desafios da
camada juvenil é a problemática da sua inserção na área do trabalho e segundo GUIMARÃES
e ALMEIDA no seu artigo dizem que a camada juvenil é um público mais propenso à
situação de desemprego e de desemprego em longo prazo, sendo objecto de
políticas específicas em muitos países.
Em face dessa situação, a política de
emprego para os jovens assume grande importância, pois além de democratizar as oportunidades
de ascensão social e reduzir as desigualdades, trabalha com um público que
será, por muitas décadas, parte da força de trabalho do país, impactando o potencial
produtivo e competitivo.
Segundo o relatório da OIT (2012),
em todo o mundo, mulheres e homens jovens enfrentam dificuldades reais e
crescentes para encontrar um trabalho digno. Durante as duas últimas décadas[1],
o desemprego jovem, manteve-se, em média, três vezes mais elevado do que o desemprego
de adultos e, em algumas regiões, é agora[2]
cinco vezes superior à taxa de desemprego de adultos.
Aponta-se ainda que em 2011, o
mundo presenciou um aumento significativo de movimentos de protesto político e
social de jovens em todo o mundo, com os jovens reclamando por “empregos,
liberdade e justiça social”. As queixas dos jovens relativas às taxas de
desemprego elevadas e a um regime autoritário na Tunísia constituíram uma das
maiores faíscas da Primavera árabe em 2011. Os jovens também foram proeminentes
na ocupação da Praça Tahrir, no Cairo, que precipitou a queda do regime no
Egipto. A falta de oportunidades de trabalho produtivo, juntamente com as
aspirações de liberdade política, justiça social e um melhor futuro económico,
foram factores importantes que alimentaram os protestos (OIT, 2012).
A intensificação da crise do
emprego jovem não só coloca problemas numa perspectiva intergeracional, mas
também ameaça causar um fosso crescente em termos de desigualdade dentro da
coorte actual de jovens. Segundo a OIT (2012), antes da crise, as desigualdades
entre os jovens em termos de acesso ao trabalho digno, bem como as
desigualdades entre jovens e adultos, já eram uma fonte de preocupação.
Segundo a OIT (2012), hoje, quase
uma em cada cinco pessoas tem entre os 15 e 24 anos de idade. Ao todo, são mais
de 1,2 mil milhões de jovens no mundo. A maioria dos jovens – cerca de 90% vive
nos países em desenvolvimento, 60% na Ásia e 17% em África. A população actual
de jovens nos países em desenvolvimento é a maior do mundo jamais vista, cerca
de mil milhões. Segundo dados da OIT atingirá um máximo de 1,1 mil milhões em
2060 e diminuirá depois gradualmente[3].
A crise do emprego jovem constitui um aspecto primordial da
crise mundial de emprego. A sua gravidade não está só relacionada com os níveis
e a duração do desemprego; está cada vez mais ligada ao declínio da qualidade
dos empregos disponíveis para os jovens como os factos tendem a demonstrar. O
principal receio, entretanto, é que a crise do emprego jovem, em todas as suas
manifestações, não seja meramente uma evolução transitória relacionada com um
fraco crescimento económico, mas venha a tornar-se uma tendência estrutural se
não houver mudanças de políticas significativas. É por isso que o problema
adquire uma nova dimensão critica.
2.2- Respostas existentes face aos Problemas dos Jovens
Respostas sociedade
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho
(OIT, 2012), reunida em Genebra na sua 101ª Sessão, 2012, reconhecendo que o
desemprego e o subemprego jovem persistentes trazem consigo elevados custos económicos
e sociais e ameaçam o tecido social das sociedades, percebeu-se que a crise do
emprego jovem é um desafio global, pese embora as suas características
económicas e sociais variarem de forma considerável, quer na sua dimensão quer
quanto à sua natureza, entre os diferentes países e regiões e em cada um deles.
Como forma de resolver a problemática do desemprego para os
jovens, na Comissão de 2012 da OIT apelou-se aos governos, aos parceiros
sociais, ao sistema multilateral, incluindo o G20, e a todas as relevantes
organizações nacionais, regionais e internacionais, que devessem adoptar
medidas urgentes e renovadas para enfrentar a crise do emprego jovem. De acordo
com OIT (2012), só uma acção colectiva forte e uma parceria no plano nacional,
regional e mundial poderão melhorar a dramática situação dos jovens no mercado
de trabalho.
Segundo a OIT (2012) na Conferência Internacional do
Trabalho, 101ª Sessão, face aos problemas que apoquentam os jovens, foram
adoptados os seguintes princípios orientadores que devem ser seguidos pelos
países. Neste caso, cada país deve:
- ü tomar em consideração a diversidade das situações nacionais na elaboração de um conjunto de políticas que sejam multidimensionais, coerentes e adequadas a cada contexto;
- considerar o pleno emprego como um objectivo essencial das políticas macroeconómicas;
- assegurar a coerência efectiva entre as políticas económicas, de emprego, de educação e formação e de protecção social;
- promover a participação dos parceiros sociais na formulação de políticas através do diálogo social;
- adoptar uma equilibrada combinação de políticas que incentive mais os empregadores a investirem e gerarem novas oportunidades de emprego para os jovens;
- garantir que todos os programas e políticas respeitam os direitos dos jovens trabalhadores e têm em conta a dimensão de género;
- corrigir o desfasamento entre os empregos disponíveis e as qualificações dos jovens, que limitam ao acesso às oportunidades de emprego;
- promover o empreendedorismo jovem tendo por objectivo incentivar o crescimento de empresas sustentáveis, incluindo cooperativas e empresas do sector social, nas zonas rurais e urbanas;
- os jovens são parte da solução. A sua voz deve ser ouvida, a sua criatividade aproveitada e os seus direitos respeitados ao lidar com a crise do emprego jovem.
A OIT (2012), diz que a educação e formação e aprendizagem
ao longo da vida favorecem um circulo virtuoso de melhoria da empregabilidade
individual, maior produtividade, emprego de melhor qualidade, crescimento dos
rendimentos e desenvolvimento.
Segundo a OIT (ibidem) com o aumento da escolaridade, a
incidência de desemprego de longa duração diminui. No entanto, em muitos
países, a educação não garante um emprego, razão pelo qual, ROSE (1996) citado
por GONÇALVES, PARENTE, GOMES e JANUÁRIO (1997), são unânimes ao referir que os
jovens se encontram sujeitos a uma transição/inserção tardia no mercado de
emprego, constituindo a transição “a expressão do movimento geral de
precariedade das situações que afectam principalmente os jovens e que é
particularmente visível nas suas trajectórias.
Segundo ROSE (1984) citado por GONÇALVES et al., (1997), a vulnerabilidade dos
jovens ao desemprego é um facto inquestionável. No entanto, é também entre eles
que se verifica um grau de “empregabilidade” mais elevado, dadas as
significativas taxas de rotação. Logo, os fluxos entre emprego, desemprego e
formação são igualmente intensos.
Contudo, estima-se segundo a OIT (2012) que os países em
desenvolvimento, enfrentam um enorme desafio não só para multiplicar as
oportunidades de instrução para os seus jovens, mas também para elevar a
qualidade de ensino. Isto, é importante não só para melhorar o potencial de
crescimento económico nos países em desenvolvimento, mas também para dar aos
jovens a oportunidade de obterem um trabalho digno e numa economia global cada
vez mais intensiva em conhecimento. Uma educação de qualidade mais elevada para
as futuras gerações de jovens é claramente um requisito de base para se
encontrar uma solução duradoura para o problema do emprego jovem nos países em
desenvolvimento.
Respostas na família
Diante de factos como o desemprego assim como outros
desafios enfrentados pelos jovens, a família é um elemento fundamental, pois é
na família onde o indivíduo seja jovem, adulto ou idoso se sente confortável.
Sendo assim, a família ganha importância nestes desafios todos como âncora e
suporte psicológico para enfrentar os desafios que se apresentam
quotidianamente e que neste movimento rotativo e circulante os impulsiona a
continuar lutando em busca de melhores condições de vida, porque para se
resolver um problema é preciso lutar[4].
A família deve adoptar estratégias de resiliência para os jovens de modo a que
estes consigam enfrentar os desafios que lhes assolam no dia-a-dia. Portanto, é
na família que o jovem adquire forças para seguir em busca dos seus projectos e
sonhos.
3- Conclusões
Os jovens anseiam serem reconhecidos como indivíduos de
direitos, bem como anseiam por oportunidades de emancipação e autonomia através
do trabalho e do desenvolvimento profissional, isto é, requerem oportunidades
iguais como as dadas aos jovens das classes médias e altas. A educação
profissional e orientação vocacional aparecem como demandas urgentes na vida
dos jovens que clamam por mais oportunidades na sua vida profissional. As
atitudes e sentimentos desencadeados pela experiência com o trabalho formal e
informal dos jovens demonstram a heterogeneidade existente no mercado de
trabalho, eles se sentem fragilizados nas tentativas de inserção. Suas experiências
demonstram atitudes e estados de impotência frente à conquista e permanência no
trabalho formal. É comum por exemplo em Moçambique ouvir relatos de jovens
sobre as suas experiências com o desemprego, os jovens deixam claro em suas
falas na preocupação de permanecerem nesta situação, apresentam-se
insatisfeitos com a perspectiva de não conseguirem uma ocupação no mercado de
trabalho formal ou informal.
Enfim, em virtude de todos problemas enfrentados pelos
jovens especialmente os de Moçambique e de outros países, faz-se necessário a
implementação de políticas públicas de inclusão juvenil, que visem uma formação
sólida e de qualidade, que garanta o estudo do/a jovem e sua sobrevivência,
oriente-o(a), qualifique-o(a), prepare-o(a) para uma actuação reconhecida no
mercado de trabalho e consequentemente priorize a inserção deste(a) no mundo do
trabalho, porque caso não se faça algo parecido o jovem mete-se no mundo das
drogas.
4-Referências
GONÇALVES et al., Os
Jovens, a formação profissional e o emprego: resultados de uma investigação
internacional. Porto, 1997.
GUIMARÃES, Alexandre Queiroz & ALMEIDA, Mariana Eugénio.
Os jovens e o mercado de trabalho:
evolução e desafios da política de emprego, 2012. Artigo. Disponível em: <http://seer.fclar.unesp.br/temasadm/article/viewFile/6845/4926>;
consultado em: 19 Nov. 2017 às 14h30.
OIT. A crise do emprego
jovem: Tempo de agir. Editora: Bureau Internacional do Trabalho
Genebra, 2012. Tradução: A Santos.
[1] Este manual foi publicado
em 2012 pela Organização Internacional do Trabalho. Neste sentido, as duas
últimas décadas referidas acima, pode ser que a OIT esteja se referindo aos
anos 90.
[2] Neste caso, até o ano da
publicação do presente Manual.
[3] Fonte de todos os dados da população apresentados nesta secção é a base de dados das Nações Unidas “World Population Prospects, 2010 Revision”. Todos os dados
são projecções de variante média.
Disponível em:
<http://esa.un.org/unpd/wpp/index.htm>.
[4] Grifos da estudante.
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