Educação em África: Entre a Universalização e a Africanização - James Beale Horton
Índice
1. Introdução
Os sistemas de educação nas nações africanas apresentam
especificidades próprias mas em algum momento existem problemas e tendências
comuns que lhes empresta uma particularidade africana. O debate em torno da
responsabilidade da educação no contexto africano é, no fundo, um debate
epistemológico, pois reflecte não só a questão “do que” e de “como ensinar”.
Questionam-se sobretudo, os pressupostos daquilo que uma determinada sociedade
considera como conhecimento válido ou legitimado para ser transmitido as novas
gerações. No entanto, neste trabalho trazemos as ideias de James Horton que nos
apresenta as suas ideias sobre o processo educativo no contexto africano, e
embora as suas contribuições não fossem aceites pelos ingleses foram
percursoras do debate sobre a universalização e a secularização da escola no
contexto africano.
Para a realização do trabalho, optamos por fazer uma
pesquisa bibliográfica com objectivo de recolher dados relevantes sobre o tema
em causa.
1.1 Objectivos
Geral
ü
Compreender as ideias de James Horton sobre o
sistema de educação em África.
Específicos
ü
Descrever as principais contribuições de Horton
para a educação africana;
ü
Identificar seus principais focos sobre a
educação;
ü
Avaliar as suas ideias olhando o contexto da
educação em Moçambique.
2. James Africanus Beale Horton
Horton – nasceu em 1835, perto de Freetown na Serra Leoa, de
pais antigos escravos dos Ibos.
Horton grego, latim, matemática, geografia, inglês,
história, estudos bíblicos, astronomia e música mas ele engajou-se sobretudo na
educação. Ele não tinha dúvidas de que a educação devia ser providenciada,
administrada, financiada e supervisionada pelo Estado. Para ele, todo sistema
deveria ser administrado pelos africanos.
Propunha que deveria existir uma escola moderna.
Com isto, - a escolaridade deveria ser obrigatória para
todas as crianças entre os sete e os catorze anos;
- Devia-se prestar grande atenção à escolarização da
rapariga;
- Devia-se também estender as oportunidades educativas para
todas as cidades e aldeias de acordo com o tamanho da população, aliás toda a
colonia (Serra Leoa) devia ser distribuída em «distritos educacionais» para
permitir uma maior e melhor administração;
- O sistema de educação deveria ser centralizado e único, o
que significava oferecer um leque uniforme de disciplinas, os mesmos livros, os
mesmos conteúdos, os mesmos métodos de ensino e de acordo com os mesmo
calendário escolar;
- A supervisão escolar deveria ser estatal e visava
garantir, sobretudo, a uniformidade das oportunidades educativas e o
cumprimento do processo escolar;
- A formação de professores deveria ser também uma tarefa
estritamente estatal (ele advoga a construção de uma e mesma escola de
treinamento de professores em Freetown onde o governo formaria professores para
as escolas públicas);
- Os professores deveriam ter bons salários de forma que só
os melhores poderiam entrar para esta carreira.
Ele também se preocupou em contextualizar a escola atendendo
às condições específicas do continente africano.
Nesta preocupação ele insistia que a expansão da escola
deveria ocorrer duma forma pragmática, isto é, sempre partindo das instituições
existentes. Ele tinha a ideia de que, dado que naquela altura as escolas
missionárias estavam espalhadas por diversas zonas, a expansão das escolas
formais deveria apoiar-se nesta situação positiva, mas mantendo a perspectiva
de virem a passarem para o controle do Estado para garantirem a obrigatoriedade
de as crianças frequentarem a escola.
Portanto, ele mantinha uma certa visão realista em relação
aos meios limitados do Estado para construir novas escolas, ao mesmo tempo que
aproveitava os estabelecimentos de ensino existentes como ponto de partida.
Horton também era apologista da ideia de as línguas
africanas passarem a ser escrita. A língua inglesa deveria continuar a ser
«diplomática».
Quanto ao currículo, ele «abria a mão» para que os alunos,
para além de aprenderem a ler, a escrever e contar, também tivessem algumas
matérias ou mesmo disciplinas que julgassem adequadas às condições regionais
(para Gâmbia, por exemplo, ele admitia o ensino em árabe para facilitar a
comunicação).
Para Horton, o ensino geral deveria ser combinado e
complementado pelo ensino técnico profissional e por possibilidade de formação
em agricultura. Este não devia, no entanto, perder de vista o mercado
internacional. Desta forma, queria que houvesse uma Industrial School para formar mecânicos, carpinteiros, sapateiros,
pintores, construtores e mesmo construtores de barcos que iriam melhorar
canoas. Na agricultura ele insistia no melhoramento da cultura para
exportações, por exemplo das plantações da banana.
Segundo ele, os africanos deveriam ter a oportunidade de
fazer os seus estudos secundários e universitários na própria África e não
terem que viajar para a Europa para continuarem os seus estudos, como era
prática na altura em quase toda a África. Insistia na ideia de que a escola
secundária deveria ser de caracter oficial e geral. Em todos os distritos
educacionais deveria haver uma escola secundária. Os professores formados pelo
Estado para estas escolas deveriam, no mínimo, servir dez anos.
Horton queria fundar um colégio de medicina para toda a
África ocidental para formar médicos melhores do que os que saíam das
faculdades inglesas e nestas escolas haveriam disciplinas como Anatomia,
Psicologia, Química, Botânica (que teriam o adjectivo «africana»), para além de
Farmácia, Enfermaria e outras disciplinas afins mais gerais e clássicas.
Horton insistia que o professor a quem chamava de (master) deveria ser insubstituivelmente
«africano» porque este estaria mais interessado em desenvolver o seu país que
os professores europeus.
Horton foi um dos primeiros a exigir estabelecimentos
universitários para a África onde se ensinasse teorias e práticas de educação,
matemática, filosofia da natureza, ciências bibliográficas, literatura inglesa,
alemão, hebreu, história, mineralogia, fisiologia, botânica, moral, filosofia
política, direito civil e comercial, música e desenho. No entanto, os autores
dizem que ele insistia no ensino daquelas ciências naturais que tivessem uma
relação mais directa com a vida que, na sua óptica, eram a aritmética, álgebra,
trigonometria, geometria. Para ele, estas disciplinas deveriam fazer parte de
todas as faculdades para eliminar alguns defeitos nas faculdades mentais dos
estudantes.
Horton nunca tinha sido professor ou ao menos trabalhado no
sector da educação por isso que ele nunca foi capaz de desenvolver ideias sobre
didáctica, metodologias, ele apenas limitou-se em aspectos relacionados com a
política de educação.
3. Conclusões
O grupo chega a conclusão que as ideias de Horton são muito
pertinentes para a educação e se implementadas poderiam melhorar a educação nas
escolas africanas. Enfatizamos a ideia de que o sistema educativo deveria ser
controlado pelo Estado e assim sendo o Estado estaria a traçar linhas de acordo
com as necessidades e condições dos alunos; enfatizamos sobretudo a ideia de
que os professores deveriam ser bem pagos, notamos isso ser muito importante
também porque no nosso país os professores da escola primária são os principais
que reclamam de terem salários baixos e até o ponto de Horton dizer que os
professores deveriam ser bem pagos é porque ele viu a magnitude dessa área pois
não é fácil ensinar uma criança. Sobre a montagem de uma inspecção escolar,
pensamos nós que talvez queria dizer que deveria haver um controlo da educação
para saber-se até que ponto as pessoas aprendem. Notamos que seja por isso que
as suas ideias foram percursoras do debate sobre a universalização e a
secularização da escola no contexto africano mas também se fossem a ser
implementadas actualmente seria muito bom.
4. Referência bibliográfica
CASTIANO, J. P. & NGOENHA, S. E. (2013). A Longa Marcha
duma “Educação para Todos” em Moçambique, 3.ed. Maputo, PubliFix.
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