Funções Didácticas
Em termos conceptuais, as funções didácticas são etapas que
se traduzem nas regularidades do processo de ensino-aprendizagem. A condução do
processo de ensino-aprendizagem deve representar um instrumento certo para o
alcance dos objectivos educacionais estabelecidos. Por essa razão, é de suma
importância que o docente seja um indivíduo que tenha domínios em várias
vertentes. Não deve apenas dominar o conhecimento da sua área ou seu campo
específico, mas deve ainda ter domínio da metodologia e a didáctica para
permitir que os alunos aprendam plenamente.
Uma coisa importante é que o professor não deve pensar que dar uma aula é apenas entrar na sala de aula e começar a explicar os conteúdos da aula, há que respeitar os momentos de uma aula, são as chamadas “Funções didácticas” o que vamos abordar neste artigo.
Outros autores preferem chamar de
“fases”, enquanto outros denominam por “etapas”. Por essa razão, todos os
intervenientes no processo de ensino-aprendizagem precisam realmente ter essas
bases, pois são necessárias para garantir uma aula excelente e efectiva.
Imaginemos se o mundo não tivesse regras, não tivesse leis, se a vida social
não tivesse regras de convivência…, certamente tudo estaria desorganizado. Por
isso, assim como muita coisa no mundo é feita seguindo determinadas regras, o
processo de ensino-aprendizagem também é regido de regras.
Neste sentido, existem 4 funções didácticas:
Introdução e Motivação;
Mediação e Assimilação;
Domínio e Consolidação; e
Controlo e Avaliação.
1. Introdução e
Motivação
A função didáctica “Introdução e Motivação” é a primeira, e
portanto, corresponde ao momento inicial da aula. É um momento crucial de
preparação psicológica dos alunos para o processo de mediação do conhecimento
na sala de aula.
Assim, numa determinada aula, seja ela aula teórica ou prática, este momento não deve faltar, pois trata-se dos minutos iniciais e, são destinados a uma breve introdução e motivação dos alunos. Por outras palavras, o professor deve propiciar aos seus alunos boas e suficientes razões para que estes realmente se interessem pelo tema a ser abordado neste dia e assim, continuem a participar no desenvolvimento da aula.
Uma introdução e motivação, é simplesmente contar uma história de última hora, o professor pode pedir a um aluno para contar uma história ou uma experiência vivida por ele, o professor pode ainda contar uma história engraçada que faça rir e sorrir e deixar uma alegria nos seus alunos, fazer piadas… isto cria energias positivas, atenção e interesse pelo conteúdo da aula a ser leccionada.
Uma nota importante
é o facto de que o professor ao seleccionar o elemento de introdução e
motivação, deverá sempre prestar atenção aos interesses dos seus alunos. Por
outras palavras, é preciso saber o interessa aos alunos, o que eles realmente
gostam.
Não deve ser introdução de um tema que esteja fora do que
vai ser tratado na aula, deve-se olhar sobre o conteúdo a ser leccionado no
presente dia, pois o objectivo da introdução e motivação é criar um desafio,
uma provocação de forma a despertar curiosidades e assim, motivar os alunos.
Por exemplo, o professor pode introduzir um tema da seguinte
maneira:
“Vocês sabiam que…, …;
Quem de vocês já ouviu falar de …, …”.
Para casos de se tratar de uma continuação da aula anterior,
a motivação pode incluir algumas perguntas para averiguar se o conteúdo
anterior foi assimilado. O exemplo disso é perguntar “Quem se lembra do que se falou na aula passada? quem ficou com dúvidas
sobre a aula passada?”.
O professor deverá estimular o raciocínio dos alunos,
incentivando-os para que estes emitam opiniões próprias sobre o que aprenderam,
fazer com que estes expliquem o conteúdo nos seus próprios termos. Eles devem
ter a capacidade de relacionar o que aprenderam na sala de aula com a realidade
ou eventos do dia-a-dia.
Quanto ao tempo em que a introdução e motivação deve
perdurar, dependerá do professor, mas não deve perder muito tempo nesta etapa.
Alguns autores explicam que deve ser no máximo de 5 minutos. E dependendo das
circunstâncias e necessidades, este momento de introdução e motivação pode ser
excluído na fase inicial da aula, mas durante a aula deverá existir a
motivação. Ou seja, a introdução e motivação não se aplica apenas nos primeiros
minutos da aula, mas em quase toda aula, contando piadas, relacionando o
conteúdo da aula com a realidade do dia-a-dia, fazendo coisas engraçadas em
todo o processo para manter a motivação dos alunos.
2. Mediação e
Assimilação
A Mediação e Assimilação é o segundo momento da aula. É uma
função didáctica muito visível dentro do processo de ensino-aprendizagem. A
função do professor é de mediar a construção do conhecimento por parte dos
alunos. O professor é considerado como o facilitador, organizador e orientador
do processo de ensino-aprendizagem (PEA). O cria condições psicológicas,
pedagógicas e didácticas para que ocorra a aprendizagem.
Assim, uma vez apresentado no quadro os conteúdos em forma
de problema a ser resolvido e mediante questões, trocas de experiências,
colocação de possíveis soluções, o professor poderá fazer uma colocação
didáctica dos objectivos, tendo em conta que estes vão orientar a condução da
aula.
Na verdade, nesta função didáctica, após o professor ter
introduzido ou apresentado o tema a ser leccionado, segue-se o momento em que
deve explicar os contornos envolventes do tema, deve explicar tudo sobre o
conteúdo para que os alunos percebam. Para tal, o professor deverá apoiar-se em
várias técnicas e estratégias, conversar com os alunos em volta do assunto,
analisar exercícios já resolvidos seja de forma individual ou em grupo, fazer
ilustrações e atribuir breves exercícios.
Enfim, nesta função didáctica, o professor deve fazer a
exposição do conteúdo. Por essa razão, um dos métodos a usar pode ser o método
expositivo, na qual o professor apresenta o tema e começa a explicar.
3. Domínio e
Consolidação
Na função anterior, explicamos que o trabalho do professor
consiste em prover as condições e os modos de mediação e assimilação do
conteúdo programático aos alunos, incluindo actividade prática para solidificar
essa compreensão. Portanto, o professor explica o conteúdo da aula.
Para tal a função didáctica “Domínio e Consolidação”, muitas
vezes é representada pelos exercícios de consolidação que podem seguir
diferentes formas ou podem apresentar várias modalidades. Nesta fase é de suma
importância que os conhecimentos sejam organizados, aprimorados e fixados pelos
alunos, a fim de que estejam disponíveis para orientá-los nas situações
concretas do estudo e da vida. Deve-se ter em conta que em paralelo com os
conhecimentos e através deles, é preciso aprimorar a formação de habilidades,
hábitos e costumes para a utilização independente e criadora desses
conhecimentos. Para a consolidação e a formação de habilidades é fundamental
que se incluam exercícios práticos de fixação, que podem ir desde simples
perguntas até a recapitulação dos tópicos principais da aula.
As actividades de recordação, sistematização e os exercícios
devem criar oportunidades ao aluno para estabelecer relações entre o conteúdo
estudado e as situações novas, comparar conhecimentos obtidos com os factos da
vida real, apresentar problemas ou questões de forma diferente de como foram
tratados, pôr em prática as habilidades desenvolvidas durante o estudo.
Importa referir que a consolidação pode ser de natureza
reprodutiva, de natureza generalizadora ou ainda de natureza criativa.
Consolidação
reprodutiva – apresenta um carácter de exercitação, significa que após a
compreensão presumida do conteúdo exposto pelo docente, os alunos reproduzem
conhecimentos, aplicando a uma determinada nova;
Consolidação
generalizadora – esta inclui a aplicação de conhecimentos para situações
novas, após a sistematização implica em todo caso a integração de conhecimentos
de forma que os alunos estabeleçam relações entre conceitos, analisem factos e
fenómenos sobre vários pontos de vista, façam ligação dos conhecimentos com
novas situações e factos da vida real/prática;
Consolidação criativa
– refere-se neste sentido, as tarefas que levam ai aprimoramento do
pensamento independente e criativo, na forma de trabalho independente dos
alunos sobre a base das consolidações anteriores.
Enfim, os exercícios levam ao aluno a fixar e a formar
habilidades e hábitos, auxiliando a sistematização. Lembrando que sempre deve
existir a motivação.
4. Controlo e
Avaliação
No processo de ensino-aprendizagem recomenda-se que a
avaliação seja contínua e permanente, pois permite identificar avanços e recuos
e tomada de decisões sobre as referidas actividades implementadas e a
implementar. A avaliação permite saber os efeitos da metodologia adoptada,
revela os níveis de assimilação de cada aluno em particular no processo e da
turma em geral.
A função didáctica “Controlo e Avaliação” visa informar como
está a decorrer a aprendizagem dos alunos, visa informar se os alunos estão a
ser conduzidos em direcção aos objectivos traçados e é aplicada continuamente
no decorrer da aula, de modo a acompanhar na íntegra o processo. Por outras
palavras, esta função didáctica é marcada por exercícios constantes e
apresentação de dúvidas e respostas.
Para o efeito, o aluno serve-se de vários procedimentos e
instrumentos de mensuração tais como: observação, testes, exercícios teóricos e
práticos, trabalhos de casa entre outras formas, que de certa forma
proporcionam dados quantitativos e qualitativos.
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Comentários
E foi mui bom.
Obrigado
Amei
Obrigada