sábado, 8 de setembro de 2018

Principais teorias da antropologia

Principais teorias da antropologia

De acordo com Barreto (2012), a antropologia tem como objecto de estudo o homem como ser biológico, cultural e social. Dividida em áreas, a Antropologia tanto se dedica aos aspectos genéticos e biológicos do homem, quanto ao desenvolvimento das sociedades humanas, tornando-se ela a ciência que estuda as culturas do homem.

As teorias antropológicas – clássicas e contemporâneas (modernas) construíram seus legados científicos a partir da segunda metade do século XIX. Elas sucederam-se na linha do tempo, ampliaram e consolidaram paradigmas fundamentais – modelos e formas de abordagens, estudos e observações para a interpretação dos modos de vida – biológico, social e cultural do homem.

Todas as teorias convergiram, coincidiram em diversos aspectos metodológicos e conceituais, ao mesmo tempo que divergiram e se afastaram em diversos pontos e juntaram-se em aspectos pontuais. Sendo assim, as teorias não se formaram atoa, elas alinharam-se em uma linha do tempo a partir do século XVI, que a seguir serão descritas.

Evolucionismo social

Segundo XAVIER (2009), diz que a teoria evolucionista da antropologia predominou no início da jornada da Antropologia como ciência. A principal característica desta teoria assenta-se na sistematização do conhecimento das sociedades “primitivas”, de primeira origem, dos primeiros tempos.

Entendemos assim, que esta teoria se preocupa em conhecer as sociedades desde os seus primórdios da sua existência.
Nesta teoria explica-se que eram tidas como estágios inferiores do desenvolvimento alcançado pelas sociedades “civilizadas”, avançadas nos planos técnico, social e científico: todas as formas de organização das condições materiais e culturais dos homens passariam, necessariamente, dos estágios primitivos civilizados.

Os expoentes desta teoria formularam o conceito de unidade psíquica do homem, em estágios diferentes, entre os “primitivos” e os “civilizados”: os grupos étnicos das diversas áreas geográficas do planeta faziam parte da grande família humana, mas se encontravam em fases distintas de evolução e desenvolvimento.

Esta teoria conceituou três estágios da evolução da humanidade, segundo Morgan: selvageria, barbárie e civilização.

XAVIER (2009), aponta ainda que a partir dessa teoria surgiu o etnocentrismo que é um conceito que considera as normas e valores sociais e culturais da própria sociedade ou cultura como base de avaliação e julgamento de todas as demais culturas e sociedades.

Difusionismo

No que tange a antropologia difusionista, esta segundo XAVIER (2009), reage ao etnocentrismo da teoria evolucionista social. Esta teoria procura compreender a natureza das culturas de cada povo, da origem e sua extensão, de um grupo humano para outro. A corrente explica o desenvolvimento cultural pelo processo de difusão de aspectos culturais, formas culturais, de uma cultura para outra.

Para esta teoria, a cultura é algo que se pode expandir de uma região para outra, de uma sociedade para outra, assim como de um povo para outro povo. Um exemplo prático dessa difusão é a globalização que é um fenómeno já conhecido por muitas pessoas. A pergunta seria de que maneira a globalização expande as culturas? Numa tentativa de responder a nossa pergunta é por exemplo as novelas brasileiras, mexicanas, etc., que são transmitidas nas televisões moçambicanas, transmitem a sua cultura para as pessoas moçambicanas que vêm as novelas. As pessoas que vêm as novelas podem imitar a cultura da novela e colocar tudo em prática.

Para concordar com o que dissemos acima, XAVIER (2009), diz que nessa teoria, os povos tomam de empréstimo aspectos culturais fundamentais de outros e os adaptam às suas particularidades, o que provoca a evolução da cultura e explica a diversidade das manifestações culturais. Portanto, a teoria difusionista da antropologia, explica que os grupos humanos distintos absorvem “aspectos culturais” de um outro grupo, como uma tendência humana.

Os antropólogos difusionistas substituem o termo raça pelo cultural e se dividem em três escolas teóricas: a inglesa, a alemão-austríaca e a norte-americana.

Fazem parte da escola americana os seguintes expoentes: Fritz Grabner, Friedrich Ratzel, Léo Frobénius, Wilhelm Schimidt;

Na escola inglesa temos: Elliot Smith, J. Perry e W. R. R. Rivers. Esta escola ficou conhecida pelo nome de hiperdifusionista pelo facto de alguns dos seus expoentes levantarem a hipótese de que todas as invenções do homem tê origem na civilização egípcia.
Já na escola norte-americana o expoente em destaque é o antropólogo Franz Boas (1848-1942).

O principal teórico ou expoente do difusionismo foi o geográfico e etnólogo alemão Friedrich Ratzel (1844-1904) conhecido como o “pai do conceito espaço vital.

Antropologia culturalista Norte-americana

De acordo com XAVIER (2009), diz que essa teoria antropológica pesquisa de modo especial a identificação dos padrões culturais. Ela procura as normalizações do desenvolvimento das culturas.

Franz Boas (1858-1942) citado por XAVIER (2009), foi o principal expoente dessa escola. Ele desenvolveu um intenso trabalho de campo. Se detinha no detalhe dos detalhes para fazer uma transcrição meticulosa da realidade.

Essa escola defende que as culturas de maneira geral, são diversas, mas têm características comuns, padrões culturais. Esses padrões são resultados do agrupamento de complexos culturais. O padrão é assim para esta teoria uma norma regularizadora que estabelece os valores de aceitação e rejeição, dentro de uma determinada cultura. Ruth Benedict (1989, p.60) citado por XAVIER (2009), é uma das principais expoentes dessa escola refere que:

Esta elaboração da cultura num padrão coerente não se pode ignorar como se fosse um pormenor sem importância. O conjunto, como a ciência está a afirmar insistentemente em muitos campos, não é apenas a soma de todas as suas partes, mas o resultado de um único arranjo e única inter-relação das partes, de que resultou uma nova identidade (…).

O culturalismo exerceu influência no campo das Ciências Sociais do Brasil. Gilberto Freire foi um dos discípulos de Franz Boas e parte considerável da sua abordagem da cultura brasileira teve como inspiração as teorias desenvolvidas pelo pesquisador alemão, radicado nos Estados Unidos.

 Funcionalismo

De acordo com XAVIER (2009), a teoria funcionalista dá enfase ao estudo das instituições, formas de organizações sociais e culturais e das suas funções para a manutenção do conjunto cultural, da totalidade da cultura de um determinado povo.

Estruturalismo

Segundo a autora (idem), esta teoria o seu expoente é o Francês Claude Lévi-Strauss. Ele pesquisou os princípios da organização da mente humana. Seu objectivo foi estudar as regras estruturantes das culturas presentes na mente humana.

O antropólogo percorreu os caminhos das teorias do parentesco, da logica do mito, das chamadas classificações primitivas e da relação natureza versus cultura.

Para esse expoente, o estruturalismo concebe a existência de um certo número de materiais culturais sempre idênticos, como as “cartas de baralho” e o “caleidoscópio”, estas são duas suas metáforas preferidas que podem ser classificadas como invariantes.

Conclusão

Ao fim deste trabalho percebeu-se que as teorias da antropologia nos mostram as diferentes visões sobre a compreensão das culturas. Apesar de terem visões diferentes, elas surgiram na mesma época e a compreensão do homem começou a ser vista sob perspectivas diferentes em relação as suas produções materiais e culturais. Um ponto essencial que nos tocou foi a teoria difusionista da antropologia que preconiza a expansão ou mesmo difusão da cultura, onde demos o exemplo da globalização que é um potencial fenómeno que difunde a cultura de um povo para outro povo. 

A difusão acontece, portanto, quando um povo toma de empréstimo aspectos culturais fundamentais de outros e os adaptam às suas particularidades, é exactamente isso que provoca a evolução da cultura e explica a diversidade das manifestações culturais.
Portanto, todas as teorias aqui desenvolvidas, constituíram um paradigma no qua tange a compreensão da natureza do ser humano. 

E todas as teorias surgem devido a complexidade da natureza humana o que permite que o antropólogo possa pesquisar, e compreender bem o passado e o presente e imaginar o que pode vir no futuro.

Referências

BARRETO, R. A. D. N. Fundamentos antropológicos e sociológicos. Aracaju: UNIT, 2012.

XAVIER, J. T. P. Teorias Antropológicas. Curitiba: IESDE. Brasil S.A., 2009. 

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