Principais teorias da antropologia
Principais teorias da antropologia
De acordo com Barreto
(2012), a antropologia tem como objecto de estudo o homem como ser biológico, cultural
e social. Dividida em áreas, a Antropologia tanto se dedica aos aspectos
genéticos e biológicos do homem, quanto ao desenvolvimento das sociedades humanas,
tornando-se ela a ciência que estuda as culturas do homem.
As teorias antropológicas
– clássicas e contemporâneas (modernas) construíram seus legados científicos a
partir da segunda metade do século XIX. Elas sucederam-se na linha do tempo,
ampliaram e consolidaram paradigmas fundamentais – modelos e formas de abordagens,
estudos e observações para a interpretação dos modos de vida – biológico,
social e cultural do homem.
Todas as teorias
convergiram, coincidiram em diversos aspectos metodológicos e conceituais, ao
mesmo tempo que divergiram e se afastaram em diversos pontos e juntaram-se em
aspectos pontuais. Sendo assim, as teorias não se formaram atoa, elas
alinharam-se em uma linha do tempo a partir do século XVI, que a seguir serão
descritas.
Evolucionismo social
Segundo XAVIER (2009),
diz que a teoria evolucionista da antropologia predominou no início da jornada
da Antropologia como ciência. A principal característica desta teoria
assenta-se na sistematização do conhecimento das sociedades “primitivas”, de
primeira origem, dos primeiros tempos.
Entendemos assim, que
esta teoria se preocupa em conhecer as sociedades desde os seus primórdios da
sua existência.
Nesta teoria explica-se
que eram tidas como estágios inferiores do desenvolvimento alcançado pelas
sociedades “civilizadas”, avançadas nos planos técnico, social e científico:
todas as formas de organização das condições materiais e culturais dos homens
passariam, necessariamente, dos estágios primitivos
civilizados.
Os expoentes desta teoria
formularam o conceito de unidade psíquica
do homem, em estágios diferentes, entre os “primitivos” e os “civilizados”:
os grupos étnicos das diversas áreas geográficas do planeta faziam parte da grande família humana, mas se encontravam em fases distintas de evolução e
desenvolvimento.
Esta teoria conceituou
três estágios da evolução da humanidade, segundo Morgan: selvageria, barbárie e
civilização.
XAVIER (2009), aponta
ainda que a partir dessa teoria surgiu o etnocentrismo que é um conceito que
considera as normas e valores sociais e culturais da própria sociedade ou
cultura como base de avaliação e julgamento de todas as demais culturas e
sociedades.
Difusionismo
No que tange a
antropologia difusionista, esta segundo XAVIER (2009), reage ao etnocentrismo da teoria evolucionista
social. Esta teoria procura compreender a natureza das culturas de cada povo,
da origem e sua extensão, de um grupo humano para outro. A corrente explica o
desenvolvimento cultural pelo processo de difusão de aspectos culturais, formas
culturais, de uma cultura para outra.
Para esta teoria, a
cultura é algo que se pode expandir de uma região para outra, de uma sociedade
para outra, assim como de um povo para outro povo. Um exemplo prático dessa
difusão é a globalização que é um fenómeno já conhecido por muitas pessoas. A
pergunta seria de que maneira a globalização expande as culturas? Numa
tentativa de responder a nossa pergunta é por exemplo as novelas brasileiras,
mexicanas, etc., que são transmitidas nas televisões moçambicanas, transmitem a
sua cultura para as pessoas moçambicanas que vêm as novelas. As pessoas que vêm
as novelas podem imitar a cultura da novela e colocar tudo em prática.
Para concordar com o que
dissemos acima, XAVIER (2009), diz que nessa teoria, os povos tomam de
empréstimo aspectos culturais fundamentais de outros e os adaptam às suas
particularidades, o que provoca a evolução da cultura e explica a diversidade
das manifestações culturais. Portanto, a teoria difusionista da antropologia,
explica que os grupos humanos distintos absorvem “aspectos culturais” de um
outro grupo, como uma tendência humana.
Os antropólogos
difusionistas substituem o termo raça
pelo cultural e se dividem em três
escolas teóricas: a inglesa, a alemão-austríaca e a norte-americana.
Fazem parte da escola
americana os seguintes expoentes: Fritz
Grabner, Friedrich Ratzel, Léo Frobénius, Wilhelm Schimidt;
Na escola inglesa temos: Elliot Smith, J. Perry e W. R. R. Rivers. Esta escola ficou
conhecida pelo nome de hiperdifusionista
pelo facto de alguns dos seus expoentes levantarem a hipótese de que todas as
invenções do homem tê origem na civilização egípcia.
Já na escola
norte-americana o expoente em destaque é o antropólogo Franz Boas (1848-1942).
O principal teórico ou
expoente do difusionismo foi o geográfico e etnólogo alemão Friedrich Ratzel (1844-1904) conhecido
como o “pai do conceito espaço vital”.
Antropologia culturalista Norte-americana
De acordo com XAVIER
(2009), diz que essa teoria antropológica pesquisa de modo especial a identificação
dos padrões culturais. Ela procura as normalizações do desenvolvimento das
culturas.
Franz Boas (1858-1942) citado
por XAVIER (2009), foi o principal expoente dessa escola. Ele desenvolveu um
intenso trabalho de campo. Se detinha no detalhe dos detalhes para fazer uma
transcrição meticulosa da realidade.
Essa escola defende que
as culturas de maneira geral, são diversas, mas têm características comuns, padrões culturais. Esses padrões são resultados do agrupamento
de complexos culturais. O padrão é assim para esta teoria uma norma
regularizadora que estabelece os valores de aceitação e rejeição, dentro de uma
determinada cultura. Ruth Benedict (1989, p.60) citado por XAVIER (2009), é uma
das principais expoentes dessa escola refere que:
Esta elaboração da
cultura num padrão coerente não se pode ignorar como se fosse um pormenor sem
importância. O conjunto, como a ciência está a afirmar insistentemente em
muitos campos, não é apenas a soma de todas as suas partes, mas o resultado de
um único arranjo e única inter-relação das partes, de que resultou uma nova
identidade (…).
O culturalismo exerceu
influência no campo das Ciências Sociais do Brasil. Gilberto Freire foi um dos
discípulos de Franz Boas e parte considerável da sua abordagem da cultura
brasileira teve como inspiração as teorias desenvolvidas pelo pesquisador
alemão, radicado nos Estados Unidos.
De acordo com XAVIER
(2009), a teoria funcionalista dá enfase ao estudo das instituições, formas de
organizações sociais e culturais e das suas funções para a manutenção do
conjunto cultural, da totalidade da cultura de um determinado povo.
Estruturalismo
Segundo a autora (idem),
esta teoria o seu expoente é o Francês Claude Lévi-Strauss. Ele pesquisou os
princípios da organização da mente humana. Seu objectivo foi estudar as regras
estruturantes das culturas presentes na mente humana.
O antropólogo percorreu
os caminhos das teorias do parentesco, da logica do mito, das chamadas
classificações primitivas e da relação natureza versus cultura.
Para esse expoente, o
estruturalismo concebe a existência de um certo número de materiais culturais
sempre idênticos, como as “cartas de baralho” e o “caleidoscópio”, estas são
duas suas metáforas preferidas que podem ser classificadas como invariantes.
Conclusão
Ao fim deste trabalho
percebeu-se que as teorias da antropologia nos mostram as diferentes visões
sobre a compreensão das culturas. Apesar de terem visões diferentes, elas
surgiram na mesma época e a compreensão do homem começou a ser vista sob
perspectivas diferentes em relação as suas produções materiais e culturais. Um
ponto essencial que nos tocou foi a teoria difusionista da antropologia que
preconiza a expansão ou mesmo difusão da cultura, onde demos o exemplo da
globalização que é um potencial fenómeno que difunde a cultura de um povo para
outro povo.
A difusão acontece, portanto, quando um povo toma de empréstimo
aspectos culturais fundamentais de outros e os adaptam às suas
particularidades, é exactamente isso que provoca a evolução da cultura e
explica a diversidade das manifestações culturais.
Portanto, todas as
teorias aqui desenvolvidas, constituíram um paradigma no qua tange a
compreensão da natureza do ser humano.
E todas as teorias surgem devido a
complexidade da natureza humana o que permite que o antropólogo possa
pesquisar, e compreender bem o passado e o presente e imaginar o que pode vir
no futuro.
Referências
BARRETO, R. A. D. N. Fundamentos antropológicos e sociológicos.
Aracaju: UNIT, 2012.
XAVIER, J. T. P. Teorias Antropológicas. Curitiba: IESDE.
Brasil S.A., 2009.
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