quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Planificação da Aula

1. O desenvolvimento de uma Aula baseada no Plano Temático
1.1. O plano temático e o plano de aulas
Apesar de existirem certos processos que ocorrem tanto a nível do desenvolvimento do Plano Temático como da planificação do ensino (planificação, calendarização, sequência), estes são bastante diferentes. A planificação e desenvolvimento do Plano Temático acontece a Nível Nacional, todas as questões e o conteúdo levam em consideração todo o país e sua diversidade. Durante o desenvolvimento do Plano Temático, existe uma preocupação com a sequência e integração de todo o conteúdo dentro da totalidade do Plano.
O Plano Temático funciona como uma directriz, pois ele determina o que deve ser leccionado, no entanto, a decisão sobre a forma de leccionar/ensinar cabe a cada professor. O professor decide que metodologias, actividades e formas de avaliação devem ser utilizadas para alcançar os objectivos de aprendizagem definidos no Plano Temático. É neste momento onde o Plano de Aulas e o Plano Temático se cruzam. O Plano de Aulas é constituído pelos passos detalhados que um professor utiliza para leccionar o que já foi determinado no Plano Temático. O papel do professor é desenvolver um Plano de Aulas específico, baseado no Plano Temático.
Sendo assim, importa destacar os seguintes conceitos:
Processo de ensino-aprendizagem (PEA) é uma actividade conjunta entre o professor e os alunos, organizado sob direcção do professor, com finalidade de prover as condições e meios indispensáveis pelos quais os alunos assimilam activamente conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções. No entanto, frequentemente tem havido equívocos entre ensino-aprendizagem e ensino e aprendizagem. Há, porém, uma diferença entre ensino-aprendizagem e ensino e aprendizagem. A diferença é que ensino-aprendizagem envolve a interacção entre o professor e os alunos, num processo em que há troca de ideias, conhecimentos, entre outros aspectos. Enquanto no ensino e aprendizagem é um processo que não há essa interacção entre professor e seus alunos, ou seja, no ensino e aprendizagem não há interacção entre professor e alunos, acontece entre duas pessoas ou mais, mas, não existe a figura do professor.
Ensinar refere-se ao acto de transmissão, orientação do aluno para o conhecimento, é facultar informação, elaborar o conhecimento através da participação activa do proprio aluno, trazer a informação necessária de acordo com que o professor possui (conhecimentos prévios) e o que precisa desenvolver (novos conhecimentos).
Aprender é o processo de aquisição (contacto), assimilação e acomodação (apropriação individualmente) do património sócio-cultural, científico e técnico da humanidade que resultam na mudança de comportamento.
1.2. Plano de Aula
Neste ponto, antes de falarmos sobre o plano de aula, importa referir que a palavra aula vem do grego, aulé, pátio, em especial, pátio do palácio real.
No sentido moderno, aula é determinada pelo período de tempo vivido entre o professor e aluno em que o professor orienta as actividades do aluno, tendo em vista levá-lo a alcançar certos objectivos de aprendizagem pretendidos.
Assim, o plano de aula pode ser definido como sendo um documento importante que deve ser usado pelos professores e que permite controlar o tempo de que dispõem para a aula. Geralmente o professor disponibiliza um tempo para elaborar o plano de aula, visto que é com base neste instrumento que ele prepara-se para os possíveis caminhos que a actividade lectiva vai tomar na sala de aula.
Portanto, podemos considerar que o plano de aula é um guia que orienta o professor sobre as actividades do processo de ensino-aprendizagem a desenvolver num determinado tempo lectivo. O plano de aula integra todos os detalhes ou passos do processo de ensino-aprendizagem e é desenvolvido na escola pelo docente da disciplina, a partir do plano analítico.
1.3. Procedimentos a seguir para planificar a aula
Ao planificar a aula o professor deve:
a)      Prever os objectivos de aprendizagem imediatos a serem alcançados pelos alunos (conhecimentos, habilidades e atitudes).
b)      Especificar os itens e subitens do conteúdo que serão trabalhados durante a aula.
c)      Definir o método de ensino bem como procedimentos de ensino, assim como organizar as actividades de aprendizagem dos seus alunos.
d)     Indicar os recursos de ensino-aprendizagem a serem usados (ex.: projector, cartazes, mapas, boneco de corpo humano entre outros), durante a aula de forma a despertar maior interesse, facilitar a compreensão da matéria e estimular a participação activa dos alunos no processo e a construção dos conhecimentos.
e)      Estabelecer como será feita a avaliação dos alunos.
De acordo com Lipman (1992), o plano de aula esquematiza o conteúdo a ser leccionado, as técnicas motivadoras a serem exploradas, os passos e as actividades específicas preconizadas para os alunos, os materiais necessários e os processos de avaliação que devem ser adoptados.
Portanto, o plano de aula obriga o professor a pensar sobre o que vai fazer, sobre o que vão fazer os seus alunos, no material didáctico necessário e nos procedimentos que melhor se ajustam ao tipo de tarefas por executar.
1.4. Características de um plano de aula
O plano de aulas apresenta as seguintes características a destacar:
    a.  Coerência e Unidade
    b. Continuação e sequência
    c.  Objectividade e funcionalidade
    d.   Flexibilidade
    e.   Precisão e clareza

Coerência e Unidade
Refere-se a conexão existente entre os objectivos de aprendizagem, os métodos de ensino, os conteúdos e os meios de ensino, uma vez que todos estes elementos arrolados devem estar adequados de forma a garantir o alcance dos objectivos de aprendizagem propostos.
Continuação e sequência
Refere-se, neste caso, a previsão do trabalho de forma integrada, do começo ao fim, garantindo a relação existente entre as várias actividades. Geralmente o professor na apresentação dos conteúdos inicia a sua apresentação partindo dos conceitos básicos, ou seja, definindo os principais conceitos para depois dar continuidade, apresentando o conteúdo.

Flexibilidade
Em relação a flexibilidade, tem a ver com a possibilidade de reajustar o conteúdo, adoptando a situações novas que possam surgir no decorrer da aula – as chamadas situações imprevistas. Na verdade, o plano deve satisfazer os interesses e necessidades dos alunos, sem afastar-se claro, dos pontos essenciais a serem desenvolvidos. O plano não deve ser visto como algo rígido e inflexível, que deve ser cumprido a risca, ele deve dar espaço para aberturas e adaptações de acordo com os imprevistos.
Objectividade e funcionalidade
O plano de aula deve ter em conta a análise das condições da realidade, adequando-se ao tempo, aos recursos disponíveis e as características dos alunos. Portanto, o plano de aula deve ser objectivo e não fugir da realidade vivida pelos alunos e a sociedade em geral na qual ele é implementado.
Precisão e clareza
O plano de aula deve apresentar uma linguagem simples e clara, os enunciados devem ser exactos e objectivos com indicações precisas, pois não devem ser objecto de dupla interpretação e ambiguidade.
1.5. Passos para a elaboração do plano de aula
1.      Definir o tempo para a elaboração do plano de aula.
2.      Ter a dosificação do conteúdo ou o plano analítico.
3.      Ter consigo o programa do curso ou plano temático como material auxiliar.
4.      Ter materiais auxiliar como livros de consulta que abordam o mesmo tema, se possível.
5.      Prever o melhor método de ensino para a abordagem do conteúdo.
6.      Reorganizar o conteúdo em função dos vários momentos da aula.
1.6. Vantagens da planificação da aula
Sendo a planificação da aula um projecto de actividade que se destina a indicar os elementos de realização da unidade didáctica, a planificação da aula torna-se vantajosa visto que:

·         Disciplina a actividade do professor na sala de aulas, evitando cometer improvisos desnecessários
·         Permite ao professor conduzir a aula usando uma sequência lógica na apresentação dos conteúdos.
·         Garante a aprendizagem efectiva por parte dos alunos no processo de ensino-aprendizagem.
·         Assegura a racionalização, organização e coordenação do trabalho do professor de modo que a previsão das acções do professor possibilite a ele a realização de um processo de ensino de qualidade.
·         Facilita a organização da aula, no que concerne a selecção do material didáctico em tempo útil, saber que tipo de tarefas o professor e os alunos devem realizar na sala de aulas entre outros.
·         Permite ao professor fazer uma replanificação do trabalho face a novas situações que surgem no desenvolvimento das aulas (como já sabemos, o plano é flexível).
·         Contribui significativamente para a realização dos objectivos apontados.
·         Garante maior segurança na condução e direcção do ensino por parte do professor.
·         Garante economia de tempo e energia, evitando desgastes e fadiga.

Entretanto, muitos autores referem que não existem desvantagens da planificação da aula.

1.7. EXEMPLO PRÁTICO DE PANO DE AULA
Instituição: 

Data:     /09/2019



Nome do Professor: Mateus Lima

Tema: Desafios actuais da juventude

Data:     /09/2019



Objectivos
Geral
Específicos
Compreender os desafios actuais enfrentados actualmente pela camada jovem
Identificar principais desafios enfrentados pelos jovens a nível mundial



Identificar o maior desafio enfrentado pelos jovens nos dias actuais

Descrever algumas respostas existentes face ao problema dos jovens


Tempo
Funções didácticas (F.D.)
Conteúdos
Método
Recursos
Actividades
Professor
Alunos
5 min
Introdução e Motivação


Controlo de alunos presentes na aula; Correcção do TPC caso exista; introdução do tema;

Expositivo;
Elaboração conjunta

Livro de turma;
Caneta; quadro preto; giz; apagador
Controla alunos presentes na aula; Contar uma história qualquer; introduzir a aula

Prestar atenção.
25 min
Mediação e Assimilação
Abordagem geral do tema: Desafios actuais da juventude;
Identificação principais desafios enfrentados pelos jovens a nível mundial;
Identificar o maior desafio enfrentado pelos jovens nos dias actuais;
Descrever algumas respostas existentes face ao problema dos jovens


Expositivo

Livros; artigos; revistas; quadro preto ou branco; giz ou marcador.


Expor o conteúdo da aula

Tomar notas; prestar atenção.
10 min


Domínio e Consolidação

Colocação de perguntas pelos estudantes para consolidação do tema apresentado

Elaboração conjunta
Livros; artigos; revistas; quadro preto ou branco; giz ou marcador.
Orientar actividades; responder perguntas apresentadas pelos alunos;
Resolver a actividade dada pelo professor; fazer perguntas,
5 min
Controlo e Avaliação
Resolução de exercícios sobre o tema;

Elaboração conjunta
Giz; quadro; livros; caderno de exercício.
Orientar actividades; responder perguntas dos alunos.
Fazer a correcção dos exercícios.

1.8. Componentes do Plano de Aula
No processo de planificação da aula, não importa o formato do plano de aula a ser implementado pelo formador no processo de ensino-aprendizagem, o importante e indispensável, é que o plano de aula inclua determinadas componentes que são indispensáveis como por exemplo:
1.      Cabeçalho.
2.      Tema da aula.
3.      Objectivos de aprendizagem.
4.      Conteúdo
5.      Métodos de ensino
6.      Recursos ou Meios didácticos auxiliares do processo de ensino-aprendizagem.
7.      Actividades para a avaliação do nível do desenvolvimento das competências.
8.      Tempo.
2. Considerações finais
A planificação do processo de ensino-aprendizagem é fundamental para o sucesso dos objectivos de aprendizagem ou da formação.
O plano de aula é um documento orientador do processo de ensino-aprendizagem e integra: A introdução do tema da aula; Os objectivos de Aprendizagem; As competências a serem alcançadas pelos formandos; Os recursos e os vários momentos da aula (a motivação; a abordagem do conteúdo; as actividades dos formandos; a avaliação da apreensão do conteúdo e a consolidação).
O Plano de Aula ajuda o formador a nunca improvisar aulas.
A condução do processo de ensino-aprendizagem deve constituir um instrumento para o alcance dos objectivos estabelecidos, e para tal, torna-se indispensável que o formador seja um profissional que domine para além dos conteúdos, a metodologia de ensino de forma a estruturar melhor as suas aulas e a conduzir de forma eficaz a aprendizagem dos formandos.

Um aspecto muito importante que vem secundar a planificação da aula, da actividade do formador na sala de aula é o conhecimento e domínio dos métodos de ensino, da correcta formulação de objectivos educacionais e selecção criteriosa de conteúdos de ensino tendo em conta o plano analítico.

3. Bibliografia

  1. RIBEIRO. A.C. RIBEIRO. L. C. (1989). Planificação e Avaliação do Ensino e aprendizagem. Lisboa. U. A.
2.      BORDENAVE, J. D. & Pereira, A. M. (1989). Estratégias de Ensino-Aprendizagem. Petrópoliz.
  1. BALMAS, Juan Carlos (2005). Programa de formação de docentes. Módulo FDEP-NIII-I. DINET. Maputo.
  2. LIPMAN, Matthew. (1994). O pensar na educação. Petrópolis.
  3. BRANDÃO, Carlos (1993). Evolução do papel do professor consequências para a educação.
  4. PILETTI, Claudino (1987). Didáctica Geral. São Paulo. Ática. 8 ª Edição.
  5. HAIDT, Regina. (s/d). Curso de Didáctica Geral. São Paulo. Editora Ática.
  6. THEOBALDO, Miranda. (1962). Manual do Professor. 6ª Edição. São Paulo. Companhia Editora Nacional.
  7. VILARINHO (1979). Didáctica: Temas seleccionados. Rio de Janeiro. Editora livros técnicos e científicos.
  8. BALANCHO, Maria José e COELHO, Filomena Manso (1994). Motivar os alunos. Criatividade na relação pedagógica: conceitos e práticas. 3 Edição. Texto editor. Lisboa.
  9. ERLEBACH, Ernest; (1988), Psicologia. Teste de Estudo II, UP- Maputo.
  10. PLANCHARD, Emílio; (1960), Introdução à Psicologia das Crianças. 3ª Edição, Coimbra.
  11. RODRIGUES et al, (2007). Psicopedagogia – Elementos de ensino e aprendizagem e recursos audiovisuais. Módulo II. Instituto Superior Dom Bosco.
  12. RODRIGUES et al, (2007). Psicopedagogia – A Estruturação do ensino e aprendizagem e o papel do educador no século XXI. Módulo III. Instituto Superior Dom Bosco.
  13. GIL, António Carlos (2005). Metodologia do ensino superior. Editora Atlas. São Paulo.
  14. FERRÃO, luís e Rodrigues, Manuela (2000). Formação pedagógica de formadores. Manual prático. 5ª Edição. Lisboa.
  15. NERICI, Imídio Giuseppe. (1970). Didáctica geral. Editora ática. São Paulo.
  16. SAWREY, James M.; TELFORD, Charles W. (1966) Psicologia Educacional. Rio de Janeiro, Editora L.T.
  17. CANDAU, V. M. (org.). (2005) Rumo a uma Nova Didáctica. 16ª Edição. Petrópolis: Vozes, 2005
  18. FREIRE, Paulo. (1979). Educação e Mudança. 23ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.
  19. INSTITUTO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUÇÃO (2001). Programas de Ensino do 1º, 2º e 3º ciclo. Ministério da Educação, Maputo.
22.  KUENZER, A. (1996). Ensino Médio e Profissional: As políticas do Estado neoliberal. São Paulo. Cortez.
23.  KUENZER, A. (1998). A Formação de Educadores no Contexto das Mudanças no Mundo do Trabalho: Novos desafios para as faculdades de educação. Campinas.
24.  Lima, R. E. A Didáctica, Métodos e Técnicas de Ensino na Igreja. http://www.evangelica.com.br/artigos.info.asp?tp
25.  _____________. Pedagogia centrada no formando. http://maisk3d.wordpress.com/2007/12/02/pedagogia-centrada-no-formando/.
26.  MARTINS, P. L. O. (1989). Didáctica Teórica e Didáctica Prática: para além do confronto. São Paulo.
27.  MORIN, E. (2001). Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo.
28.  NÉRICI, Imídeo Giuseppe. (1981). Metodologia do Ensino. Uma introdução. São Paulo: Altas.
29.  PERRENOUD, Ph. (2002). O que fazer da Ambiguidade dos programas escolares orientados para competências? Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, Universidade de Geneve.
30.  PERRENOUD, Ph. (2000). Pedagogia Diferenciada: das intenções à acção. Porto Alegre, Artmed.
31.  PERRENOUD, Ph. (1999). Construir as Competências desde a escola. Porto Alegre, Artmed.
32.  SCARINCI, A. L. & PACCA, J. L. A. (2005). Construtivismo na sala de aula: concepções dos professores sobre a função da aula expositiva. Anais do V ENPEC.

  1. SILVERA, M. A. (2007). O revelar da competência no acontecer humano. Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo. 

3 Comentários:

Às quinta-feira, 18 maio, 2023 , Blogger Joaquim Luísa disse...

Boa noite. Gostei da tua explicação, foi muito objectiva.
Gostaria porém, de saber o seguinte sobre o tempo dedicado a uma aula:
Numa situação em que o professor tem aula dupla, isto é tempos seguidos na mesma turma, como este irá planificar, será uma aula de 90 min ou duas de 45min?

 
Às quinta-feira, 16 novembro, 2023 , Anonymous Anónimo disse...

Gostei muito na objectividade do mesmo.

 
Às sábado, 10 fevereiro, 2024 , Blogger João Sebastião Comé disse...

Boa noite. Gostei da tua explicação, foi muito objectiva.
Gostaria porém, de saber o seguinte sobre o tempo dedicado a uma aula:
Numa situação em que o professor tem aula dupla, isto é tempos seguidos na mesma turma, como este irá planificar, será uma aula de 90 min ou duas de 45min?

 

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