A Grécia antiga: A Educação em Espart
O regime
escolar em Esparta
Nos primórdios, os Gregos eram pessoas que se vangloriam em
educar melhor a juventude. Quando as crianças nascessem eram enviadas para
estudar nas escolas públicas para poderem aprender as primeiras noções de
comunicação linguística, da música e os exercícios físicos. As crianças tinham
que estar sempre calçadas de sapato o que fazia com que seus pés ficassem
enfraquecidos por não habituar andar a pé e mudavam de vestidos em todas as
estacoes do ano.
A visão que os gregos tinham
do mundo os distinguia de todos os demais povos do mundo antigo. Os gregos
colocaram a razão acima dos seus mitos e a utilizaram como instrumento a
serviço do próprio homem. Os gregos glorificavam o homem como o ser mais
importante do universo (LOBATO, 2001).
As crianças que eram consideradas fracas ou que não faziam
aquilo que se planeava, eram punidas severamente. Havia um grupo de
adolescentes que castigavam aquelas crianças que mereciam ser castigadas, tais
crianças obedeciam a estes adolescentes.
Proibia-se que as crianças calçassem sapatos pois pensavam
que andando descalços, as crianças seriam mais activistas nas corridas, mais
aptas para saltar, pensavam que as crianças andando sem sapatos estariam
sujeitas a se defender dos obstáculos, pensavam que elas seriam capazes de
escalar montes escarpados e que poderiam descer mais rápidos (AMADO, 2007).
As roupas usadas pelas crianças dizia-se que era para se
defender do frio e do calor e ficarem ainda mais fortes. No momento das
refeições, haviam regras na qual, as crianças não podiam sobrecarregar o seu
estômago e não podiam comer mais do que o normal, isto é, ninguém podia ir além
do seu apetite normal (AMADO, 2007).
Licurgo, que era o chefe, dizia que homens assim educados
poderiam suportar mais facilmente a fome na guerra, poderiam viver com
moderação e poderiam ainda saber se contentar sem dificuldades com a comida
mais grosseira. Licurgo fazia isso pois pensava que os alimentos que tornam os
corpos das pessoas secos, nervosos contribuem mais para a beleza da pessoa e
não os corpos que produzem gordura.
As crianças por sua vez podiam roubar objectos sempre que
sentissem a fome. Por outro lado, as crianças eram treinadas com objectivo de
torna-las mais habilidosas para saberem procurar aquilo que lhes fosse
necessário e que lhes fosse apto no acto da guerra.
Poderia se dizer que Licurgo tinha um comportamento não
desejável pois ele submetia ao chicote aquele que fosse apanhado a roubar,
enquanto o mesmo considerava o furto como um mérito.
Ao que se sabe, em todas escolas há sempre castigos para
aqueles que seguem mal os princípios ensinados. As crianças podiam roubar os
pães do altar mas aquele que se deixasse apanhar era condenado e era fustigado
pelos seus companheiros.
LOBATO (2001) refere que a origem dessa atitude se encontra
na realidade sócio poética da Grécia, processo que se realiza entre 1200 e 800
a.C. Trata-se do período pré-Homérico que recebeu esse nome, devido ao que se
conhece da interpretação das lendas contidas nos poemas; “Ilíada” e “Odisseia”,
que a tradição atribui a Homero.
Características
Gerais
LOBATO (2001) diz que os atenienses acreditavam que sua Cidade-Estado
iria tornar-se a mais forte se cada menino desenvolvesse integralmente as suas
aptidões. O governo não controlava os alunos e as escolas. Um rapaz ateniense
entrava na escola aos seis anos e ficava sob os cuidados de um pedagogo que
ensinava aritmética, literatura, música escrita e educação física; o aluno
decorava muitos poemas e aprendia a fazer parte dos cortejos públicos e
religiosos.
2.2. A educação das raparigas em
Esparta
As meninas não recebiam qualquer educação formal, mas
aprendiam os ofícios domésticos e os trabalhos manuais com as mães. O principal
objectivo da educação grega era preparar o menino para ser um bom cidadão. Para
(LOBATO, 2001) as raparigas deviam se
fortalecer, exercitando-se na corrida, na luta, a lançar o disco e o dardo, a
fim de que os filhos que elas viessem a conceber ganhassem fortes raízes em
corpos robustos, para lutar com mais vigor, e que elas próprias, olhando o
parto sem receio, resistissem com mais coragem e facilidade às dores.
Os gregos antigos não contavam com uma educação técnica para
preparar os estudantes para uma profissão ou negócio.
2.3. A Aretê (Virtude)
A evolução do conceito de aretê (traduzido, vulgarmente, por virtude) desde que, esse
conceito parece como primeiro ideal educativo formulado pelos gregos. É em
Homero[1]
e nos chamados poemas homéricos, a Ilíada e a Odisseia, que tal ideal educativo
aparece originalmente formulado. Aquiles encarna a aretê, é na sua figura que
se caracteriza esse ideal. Além de guerreiro valoroso, valente, corajoso e
honrado, Aquiles é o protótipo do perfeito cavalheiro da época homérica
(cortês, cavalheiro e de boas maneiras) (LOBATO, 2001).
Nessa época a aretê era entendida como superioridade,
nobreza e um conjunto de qualidades físicas, espirituais e morais tais como: a
bravura, a coragem, a força e a destreza do guerreiro, a eloquência e a
persuasão, e, acima de tudo, a heroicidade.
Os primeiros educadores do mundo grego são os poetas, que
surgem não apenas como educadores da sua época, mas, porque a sua influência
durou para além do seu tempo, como educadores de toda a Grécia. Homero é o mais
influente de todo o mundo antigo. Ser culto na Antiguidade era saber Homero de
cor e ser capaz de o citar em qualquer ocasião (idem, LOBATO, 2001).
Já no final da época arcaica, não bastava cobrir-se de honra
e glória, como nos tempos homéricos, mas pretendia-se alcançar a excelência
tanto no plano físico como no plano moral. Tal ideal exprime-se pela palavra Kalokagathia: beleza e bondade são os
atributos que o homem deve procurar realizar.
Assim, o homem forma-se segundo um crescente domínio de si,
pela libertação dos seus instintos, desejos e paixões, que devem ficar submetidos
à razão. Para alcançar tal ideal propõe a ginástica, para desenvolver o corpo,
e a música, com a leitura e o canto das obras dos grandes poetas, para o
espírito. Esse programa educativo tratava de desenvolver no homem a qualidade
da temperança e que implicava um perfeito domínio de si, aliado a sabedoria.
Portanto, esse era um ideal de sabedoria, pelo domínio dos
instintos, desejos e apetites pela razão, um ideal de equilíbrio e harmonia. O
programa de estudos era constituído pela ginástica, ensinado nos ginásios,
sendo o “pedotriba” ou “paidotriba” o mestre de educação física,
e pela música que ensina as crianças a tocar cítara, para se acompanharem
enquanto cantam as obras dos grandes poetas, sendo o mestre o citarista. Nesta
altura, o citarista ensina ainda a ler e escrever, porque para cantar os poetas
é preciso saber ler as suas obras. Já no fim da época arcaica, surgiu a figura
do didáscalo (gramático) o mestre que ensinava a ler, escrever e alguns
rudimentos de cálculo (idem, LOBATO, 2001).
Neste tempo aparece a figura do pedagogo, ou melhor, do
escravo como era designado naquele tempo que acompanhava o menino à escola e
que vigiava o seu comportamento moral.
Para tal, Platão dá-nos um retracto fiel desta educação
tradicional e, apesar de ser longo, acreditamos que vale a pena transcrevê-lo
para que possa nos ajudar a compreender isso:
Logo que a criança começa a compreender o que lhe dizem, a ama, a mãe,
o pedagogo e até o próprio pai se esforçam por que ela se torne a mais perfeita
possível. A cada acção ou palavra lhe ensinam ou apontam o que é justo e o que
não é, que isto é belo e aquilo vergonhoso, que uma coisa é piedosa, e outra
ímpia, e 'faz isto', 'não faças aquilo'. E, ou ela obedece de boa mente, ou
então, corrigem-na com ameaças, como se fosse um pau torto e recurvo. Depois,
mandam-na à escola, com a recomendação de se cuidar mais da educação das
crianças que do aprendizado das letras e da cítara. Os mestres empenham-se
nisso, e, depois de elas aprenderem as letras e serem capazes de compreender o
que se escreve, (...) põem-nas a ler nas bancadas as obras dos grandes poetas,
e obrigam-nas a decorar esses poemas, nos quais se encontram muitas exortações
e também muitos (...) elogios e encómios da valentia dos antigos, a fim de que
a criança se encha de emulação, os imite e se esforce por ser igual a eles.
(...) Depois de saberem tocar, aprendem as obras dos grandes poetas líricos.
Assim, obrigam os ritmos e harmonias a penetrar na alma das crianças, de molde
a civilizá-las, e, tornando-as mais sensíveis ao ritmo e à harmonia,
adestram-nas na palavra e na acção. Toda a vida humana carece de ritmo e de
harmonia, ainda se mandam as crianças ao pedotriba, a fim de possuírem melhores
condições físicas, para poderem servir a um espírito são, e não serem forçadas
à cobardia, por fraqueza corpórea, quer na guerra, quer noutras actividades.
Assim fazem os que têm mais posses. Os filhos desses começam a ir a escola de
mais tenra idade, e saem de lá mais tarde. Depois de estarem livres da escola,
o Estado, por sua vez, obriga-os a aprender as leis e a viver de acordo com
elas. Tal como o mestre-escola que, para os que não sabem escrever, traça as
letras com o estilete e lhes entrega a tabuinha e os força a desenhar o traçado
dos caracteres, assim também a cidade, depois de ter delineado as leis, criadas
pelos bons e antigos legisladores, os força a mandar e a serem mandados de
acordo com elas. (...) Perante tais cuidados com a virtude (aretê) particular e pública, ainda te admiras, ó
Sócrates, e põe objecções à possibilidade de a virtude
se ensinar? (PLATÃO, 325 - 326 citado por PEREIRA, 1971:397).
Porém, precisamos entender
que este ideal educativo não ficava restrito à escola; a cidade continuava
educando nas reuniões políticas, administrativas e jurídicas, nos jogos, nas
artes, na arquitectura e nas representações dramáticas. Em nenhum lugar da
Grécia o teatro era só para privilegiados, era a escola de todos os cidadãos.
A educação grega tinha duas finalidades: o desenvolvimento
do cidadão fiel ao Estado e a formação do homem que adquiriu plena harmonia e
domínio de si.
Porém a educação grega também tinha uma finalidade cívica,
ou seja, a educação é uma preparação para a cidadania. Para eles, o habitante
da polis só é o que é porque vive na cidade e sem ela não é nada.
Sendo assim, entendemos que fica evidente que o homem é um
animal político e como falou Aristóteles, o que difere o homem dos outros animais
é sua qualidade de cidadão e habitante da polis. Essa consciência da cidadania
faz sentir a necessidade de uma nova educação, pois a antiga, composta somente
por ginástica e música, já não servia para a formação do cidadão e nem correspondia
às novas exigências sociais e políticas.
2.5. O surgimento dos Sofistas
A forma democrática da organização do Estado Ateniense
exigia a participação de todos os cidadãos, ou seja, homens livres e para que
esses cidadãos participassem, era necessário ter eloquência e uma boa formação
oratória.
Neste contexto surgiam os sofistas, uma nova estirpe de
educadores que se apresentam como professores e que oferecem, a troco de
dinheiro, o ensino da virtude e da aretê política. Assim, os sofistas
transformaram a educação em uma arte ou técnica, na qual eles são mestres e
capazes de ensinarem aos seus alunos.
Estava incluído neste tipo de educação, a formação de homens
do Estado e dirigentes da vida pública. E para que esses homens atingissem
êxito político, eles precisavam falar bem, construir discursos persuasivos e
ter bons argumentos que justificassem suas posições. Era preciso dominar a arte
sofística da oratória, da retórica e da dialéctica. Como dizíamos
anteriormente, tinham que ser homens que tivessem eloquência e uma boa formação
oratória.
Seja qual for o profissional com quem entre em competição, o orador
conseguirá que o prefiram a qualquer outro, porque não há matéria sobre a qual
um orador não fale, diante da multidão, de maneira mais persuasiva do que
qualquer outro profissional. Tal é a qualidade e a força desta arte que é a
retórica. (PLATÃO consultado no dia 17/04/2017 às 13:20min; Cf. in: www.ahistoria.com.br)
Por essa razão, os sofistas foram acusados de ensinar uma
educação imoral e que corrompia a juventude, posto que, esta educação dos
sofistas desconsiderava os valores tradicionais: verdade, justiça, virtude,
rectidão, etc. Pois para os sofistas não importava que a ideia que eles
estivessem defendendo estivesse errada, o que importava era convencer pela
oratória.
2.6. A Paidéia - O
Ideal da Educação Grega
Durante os séculos V e VI a. C a cultura grega, impulsionada
pelas transformações sociais e económicas, sofre mudanças. Surgem novos grupos sociais
ligados ao comércio, estes reclamam uma maior participação na vida política da
Grécia. Ao lado disso, surge uma cultura mais crítica em relação ao saber
religioso e mítico, que exalta a razão pessoal de cada indivíduo e é capaz de
submeter à análise qualquer crença ou tradição.
Para transmitir essa nova cultura, nasce um novo ideal de
educação na Grécia, conhecido como Paidéia[3],
que busca a formação do homem em suas várias esferas (social, política,
cultural e educativa), ou seja, é uma educação mais antropológica e que
considera o homem como um ser racional. Essa educação atribui ao homem,
sobretudo, uma identidade cultural e histórica.
Nasce portanto a pedagogia como saber autónomo, sistemático
e rigoroso; nasce o pensamento da educação como Episteme; e não mais como ethose como práxis apenas.
Uma educação pública, retirada da família e do santuário, que visa à
formação do cidadão e das suas virtudes (persuasão e capacidade de liderança,
sobretudo). É uma educação que se liga à palavra e À escrita e tende à formação
do homem como orador, marcado pelo princípio do Kalogathos (do belo e do bom) e
que visa cultivar os aspectos mais próprios do humano em cada indivíduo,
elevando-o a uma condição de excelência, que todavia não se possui por
natureza, mas se adquire pelo estudo e pelo empenho (CAMBI, 1999:86).
O termo Paidéia não pode ser traduzido simplesmente como
educação, significa muito mais que isso, significa também cultura, instrução e
formação do homem grego. Este termo começou a ser utilizado no séc. IV a.C. e
nesta época significava apenas a criação dos meninos. Mas, o seu significado se
alargou e passou a designar também o conteúdo e o produto dessa educação. Foi
nesse momento que os gregos deram o nome de Paidéia a toda a sua tradição.
Portanto, a Paidéia, é a busca do conhecimento do homem, de
forma individual, para que este possa interferir na organização política e
social da Pólis, a ideia principal é colocar o homem a par de todo o
conhecimento necessário para a harmonia consigo próprio e com a comunidade ao
seu redor.
2.7. A Educação no
Período Helenístico
No final do século IV a.C., inicia a decadência das
Cidades-Estados gregas e a cultura helénica se mistura com as das civilizações
que dominam a Grécia. Desta maneira, a antiga Paidéia torna-se enciclopédia, ou
seja, “educação geral” que consistia na formação do homem culto diminuindo
ainda mais o aspecto físico e estético. Neste período cresce o papel do
pedagogo com a criação do ensino privado e o desenvolvimento da escrita,
leitura e o cálculo.
Inúmeras escolas se espalham nesse momento e da união de
algumas delas (Academia e Liceu) é formada a Universidade de Atenas, lugar de
importante desenvolvimento intelectual que dura inclusive até o período de
dominação romana.
2.8. Período
Clássico (Século V a.C.)
Nesse período, Atenas havia se tornado o centro da vida
social, política e cultural da Grécia, em virtude do crescimento das cidades,
do comércio, do artesanato e das artes militares. Atenas vivia seu momento de
maior florescimento da democracia. A democracia grega possuía duas
características de grande importância para o futuro da filosofia.
Em primeiro lugar, a democracia afirmava a igualdade de todos os homens
adultos perante as leis e o direito de todos de participar directamente do
governo da cidade, da polis. Em segundo lugar, e como consequência, a
democracia, sendo directa e não por eleição de representantes no governo,
garantia a todos a participação no governo e os que dele participavam tinham
direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões sobre as
decisões que a cidade deveria tomar. Surgia assim, a figura do cidadão (CHAUÍ, 1995:36 citado por LOBATO, 2001).
O indivíduo somente se torna cidadão quando exerce seus
direitos de opinar, discutir, deliberar e votar nas assembleias. Dessa forma, o
novo ideal de educação é a formação do bom orador, ou seja, aquele que saiba
falar em público e persuadir os outros na política.
Para dar esse tipo de educação aos jovens, surgem os
sofistas que foram os primeiros filósofos do Período.
Os sofistas[4]
não tinham uma origem bem definida, eles surgiram de várias partes do mundo.
Os sofistas contribuíram muito para a sistematização da
educação. Eles se julgavam sábios e possuidores da sabedoria. Eles ensinavam a
retórica, que é a arte da persuasão, mas, vale ressaltar que não ensinavam de
graça, os sofistas cobravam por seus ensinamentos. E por cobrarem e se julgarem
possuidores da sabedoria, foram bastante criticados por Sócrates[5]
e seus seguidores. Para combater os sofistas, Sócrates desenvolve dois métodos
que são bastante conhecidos até os dias de hoje: a ironia e a maiêutica[6].
O primeiro consiste em questionar o ouvinte à respeito do
que ele considera como verdade e tentar fazer o ouvinte entender que ele
realmente não sabe tudo. Depois que o ouvinte se convencia disto, Sócrates
passava a utilizar o segundo método que é a maiêutica, que significa dar luz às
ideias. Nesse momento o ouvinte consciente de que não sabe tudo busca saber
mais, buscando respostas por si próprio.
2.9. A Pedagogia
Grega – Os Períodos da Filosofia
Segundo (LOBATO, 2001) diz que o termo pedagogia é de origem
grega e deriva da palavra “paidagogos”,
nome que era dado aos escravos que conduziam as crianças à escola. Somente com
o tempo, esse termo passou a ser utilizado para designar as reflexões que estivesses
relacionadas à educação.
A Grécia clássica pode ser considerada o berço da pedagogia,
até porque é justamente na Grécia que tem início a primeira reflexão acerca da
acção pedagógica. Essas reflexões vão influenciar por séculos a educação e a
cultura do ocidente.
Os povos orientais acreditavam que a origem da educação era
divina, o conhecimento deles se resumia aos seus próprios costumes e crenças.
Tudo isso impedia uma reflexão mais profunda sobre a educação, pois, esta era
fruto de uma organização social teocrática (idem).
Contudo, na Grécia Clássica, a razão se sobrepõe ao
conhecimento puramente religioso e místico. Nesta época a concepção dos gregos
de educação se resume à inteligência crítica e à liberdade de pensamento do
homem.
O nascimento da filosofia grega foi um factor de grande
importância para o desenvolvimento de uma nova concepção de educação da Grécia.
Os períodos em que a filosofia grega se divide são:
Período pré-socrático
(Século VII e VII a.C.); os filósofos das colónias gregas iniciam o processo de
separação entre a filosofia e o pensamento mítico.
Período socrático
(Séculos V e IV a.C.) Sócrates, Platão e Aristóteles. Os sofistas são
contemporâneos de Sócrates e alvos de suas críticas. Isócrates também é desse
período.
Período pós-socrático
(Séculos III e II a.C.) época helenística, após a morte de Alexandre. Fazem
parte desse período as correntes filosóficas: o estoicismo e o epicurismo.
O Período
pré-socrático se inicia no final do século VI a.C., quando aparecem os
primeiros filósofos nas colónias gregas da Jónia e na Magna Grécia. Esse
período caracteriza-se como uma nova forma de analisar e ver a realidade (idem).
Assim, todas as antigas afirmações à respeito da natureza (phisys) são questionadas, ou seja, os
filósofos passam a exigir factos que justifiquem as ideias expostas. Toda essa
mudança de pensamento é de fundamental importância para o enriquecimento das
reflexões pedagógicas em busca de um novo ideal de educação.
O Período Socrático
(séculos V a IV a. C.) é marcado pela influência de três grandes filósofos,
Sócrates, Platão e Aristóteles.
Sócrates (470 – 399 a. C) tomou como ponto de partida o
princípio básico da doutrina sofista. “ O homem é a medida de todas as coisas”
(CHAUÍ:37 citado por LOBATO, 2001).
Se o homem é a medida de todas as coisas é obrigação de todo
homem procurar conhecer a si mesmo. Para ele, o homem deveria procurar conhecer
a si mesmo. Para ele, o homem deveria procurar os elementos determinantes da
finalidade da vida e da educação. Porém, a consciência individual deveria
deixar de se fundamentar por simples opiniões, para poder guiar-se por ideias
de valor universal.
O fim da educação, então, não era dar a informação sem base que, aliada
a um verbalismo superficial e brilhante, constituía o ideal dos sofistas. Era
ministrar saber ao indivíduo, pelo desenvolvimento do seu poder de pensamento.
Todo indivíduo tem em si a capacidade de conhecer e apreciar tais verdades como
as de fidelidade, honestidade, verdade, honra, amizade, sabedoria, virtude, ou
pode adquirir essa capacidade (PILETTI, 1990:33 citado por LOBATO, 2001).
3. Conclusões
No decurso do desenvolvimento deste referencial teórico,
percebemos que educação formal, propriamente dita, teve início na Grécia antiga.
Com isto, percebeu-se que alguns traços característicos da cultura grega
proporcionaram o desenvolvimento do ensino, como por exemplo: o descobrimento
do valor humano, do homem em si, da personalidade, independentemente de toda
autoridade religiosa; o reconhecimento da razão, da inteligência crítica,
libertada de dogmas; a criação da vida cidadã, do Estado, da organização
política. Nos nossos dias, essas características são muito notáveis pois vemos
nas nossas a existência da valorização da pessoa humana e todas essas
características que citamos continuam sendo metas a serem atingidas pela
educação actual, quer em Moçambique quer em outros países. Com o
desenvolvimento deste trabalho, esperamos ter colaborado para a efectivação de
um estudo crítico e reflexivo sobre a educação grega a partir do contexto
histórico-social que a influenciou e determinou sob a perspectiva de que, sendo
a educação um produto humano e histórico, pudéssemos perceber a educação actual
como parte do desenvolvimento histórico.
4. Referências
AMADO, Casimiro M. M. História da Pedagogia e da Educação –
Guião para acompanhamento das aulas, Universidade de Évora, 2007.
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. SP: UNESP, 1999.
LOBATO, Vivian da Silva. Revisitando a Educação na Grécia antiga:
A Paidéia. Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia como requisito parcial
para obtenção do grau de Bacharel em Pedagogia. Belém, 2001.
PEREIRA, Maria Helena Rocha. Estudos de história da cultura
grega. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1971.
[1] Homero é, entre todos os
poetas gregos, considerado o maior e, a crer nos testemunhos, a opinião
corrente ao tempo indica-o também como o educador de toda a Grécia. De fato, a
tradição homérica e o ideal educativo que nela se propõe são transmitidos oralmente,
de geração em geração, pelos aedos e rapsodos. Também só assim se pode
compreender a afirmação. Nele, pela primeira vez, o espírito pan-helénico
atingiu a unidade da consciência nacional e imprimiu o seu selo sobre toda a
cultura grega posterior (JAEGER, s/d, 77 citado por LOBATO, 2001).
[2] LOBATO, 2001.
[3] A Paidéia é entendida como
uma formação geral que dará ao homem a forma humana, ou seja, que o construirá
como homem e como cidadão. Assim, ela significou a educação do homem de acordo
com a verdadeira forma humana e que brota da ideia.
[4] Sofista significa “sábio”,
“professor de sabedoria”, no sentido pejorativo passa a significar “homem que
emprega sofismas”, ou seja, homem que usa de raciocínio capcioso, de má-fé com
intenção de enganar.
[5] Sócrates defendia que o
verdadeiro sábio é aquele que reconhece sua própria ignorância, mas os Sofistas
eram pessoas que não davam conta o facto de que o homem é ignorante.
[6] Idem, LOBATO, 2001.
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