domingo, 25 de outubro de 2020

Principais problemas enfrentados pelos jovens moçambicanos com rendimentos baixos

Introdução 

Neste trabalho proponho-me a analisar e descrever alguns dos principais problemas enfrentados pelos jovens com rendimentos baixos na sociedade moçambicana e saber como estes enfrentam tendo em conta a realidade moçambicana. Nos referimos a realidade moçambicana, já que o país enfrenta diversos problemas de ordem económica, o que tem dificultado as oportunidades para a camada juvenil. Não pretendo citar ou refernciar todos o problemas que todos nós conhecemos, mas apenas apontar os que acho serem os principais na minha visão. Caso eu não aponte todos, caro leitor ajudará um pouco.   

Referencial Teórico 

Para começar este enquadramento teórico/referencial teórico sobre o tema, importa referir que a noção de juventude adquire importância no correr do século XX. Antes definida com base em marcos etários, hoje ela se refere principalmente ao período “marcado por ambivalências, pela convivência contraditória de elementos de emancipação e subordinação, sempre em choque e negociação” (NOVAES & VANUCCHI, 2004:12), durante o qual o sujeito elabora seu próprio amadurecimento. Assim, na totalidade, o ingresso na juventude requer a saída do espaço protegido da família, o questionamento de valores, a inserção em novos círculos de convivência e a adopção de novos empreendimentos, frequentemente múltiplos e às vezes díspares. “São muitas as juventudes e entre elas sempre há territórios de resistências por força da criatividade” (NOVAES & VANUCCHI, 2004:11). 

Integra esse processo a redefinição dos problemas que tocam mais de perto os jovens, bem como o reequacionamento de recursos e formas para enfrentá-los. Por outras palavras, um componente das tensões da juventude se expressa na equação que opõe os obstáculos ao crescimento aos anseios de liberdade. 

Essas tensões não se definem com base na experiência isolada. Principais problemas enfrentados pelos jovens com rendimentos baixos e como eles enfrentam tendo em conta a realidade moçambicana Como forma de descrever os problemas enfrentados pelos jovens, tomamos como referencia um estudo realizado por GONÇALVES et al., (2008) em que o estudo revelou que um dos problemas enfrentados pela juventude são as drogas. 

Estamos a citar a questão de droga por ser um dos problemas verificados em Moçambique pela camada juvenil e não se pode negar, pois vemos que pela deficiência de oportunidade de emprego existente em Moçambique, muitos jovens acabam se metendo nas drogas como forma de relaxar seus problemas. Por exemplo, no caso do estudo que citamos, o estudo captou resultados que indicavam que as drogas são como o principal problema dos jovens. 

Ora, precisamos perceber que neste consumo de drogas, além do relaxamento, busca-se ainda o prazer. Citamos a droga como um problema é que no uso da droga busca-se a princípio o prazer, a extroversão e as sensações novas (SCHENKER & MINAYO, 2005), por outro lado a droga visa a evitação das dificuldades e com isso impede o jovem de enfrentá-las e superá-las. 

E na verdade, se fizermos uma análise mais profunda vamos ver que o uso da droga compromete assim os projectos futuros. E só para darmos sentido nosso argumento, os jovens consomem a droga com propósito de ultrapassar ou enfrentar os seus problemas, mas que na verdade os problemas não acabam. 

Um segundo problema a referenciar neste trabalho, é a falta de oportunidades de trabalho ou emprego. Se alguém for a fazer um estudo de qualitativo aos jovens de qualquer ponto do país, e perguntar quais são os problemas que a juventude enfrenta actualmente, é muito provável que a falta de oportunidade seja referenciada muito rigor. E na verdade, muitos jovens moçambicanos lamentam a falta de oportunidades antes e depois de concluírem os estudos. Assim, devido à falta de oportunidades, uma das formas de enfrentar esse problema que nos referenciamos de falta de oportunidades de trabalho ou emprego, os jovens buscam diferentes meios para a subsistência. Por exemplo, é muito comum encontrar muitos jovens envolvidos no comércio informal nos diferentes pontos do país. Ou seja, em quase todas províncias o número de jovens no comércio formal e informal é recorrente. Por exemplo, um estudo da DW África (em Moçambique) conversou com alguns jovens da província de Inhambane e constatou que as dificuldades são muitas e podem divergir, de acordo com o sexo. 

No caso das jovens, para conseguir algum rendimento, acabam por abandonar os estudos para se dedicar à prostituição. Para o caso dessas jovens, acreditamos nós que o dinheiro é que as induz, por isso fazem isso. 

Como estamos a ver, alguns jovens para enfrentar seus problemas fazem comércio formal e informal, outras preferem prostituir-se, tudo isso para ganhar algum dinheiro e suprir as necessidades pessoais. Na verdade, mesmo depois de se concluir o ensino, seja ele básico, médio, técnico-profissional ou ensino superior, ainda há dificuldades de encontrar emprego em Moçambique. 

Um terceiro problema a qual merece nossa atenção no presente trabalho e que a nosso ver é um dos problemas enfrentados pela camada juvenil moçambicana é a falta de habitação. Citamos a falta de habitação como outro problema enfrentados pelos jovens, porque de acordo com a nossa analogia pessoal, vemos que se a pessoa não tem um emprego, dificilmente pode ter ou adquirir uma casa, pois para nós, apenas os que possuem um emprego formal têm acesso ao financiamento dos bancos para a construção de residências. 

Os desempregados, que são a maioria, continuarão a viver nas casas dos seus pais juntos com as suas esposas e filhos, sem querer abusar, mas este é um fenómeno que se verifica muito nas Cidade e província de Maputo, não estamos a excluir, no entanto, as outras partes do país. Mas, segundo DW África (2018) para o caso de Inhambane onde decorreu seu estudo indica-se que para resolver o problema da falta de habitação, o Governo provincial distribuiu cerca de cinco mil (5,000) Direitos do Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT) a igual número de jovens desde o ano de 2017, mas muitos deles esbarram na burocracia e não conseguem todos os documentos exigidos pelas autoridades. 

Só para enfatizarmos essa questão da falta de habitação para a camada juvenil moçambicana, MACHAVA (2020) refere tratar-se de um teatro vergonhoso do Governo perante o sofrimento dos jovens que não têm acesso à habitação. Ora, se formos a visitar a Constituição da República de Moçambique, veremos que o Artigo 91 da Constituição da República preconiza que o direito à habitação é um direito constitucional de todos os cidadãos, cabendo ao Estado a responsabilidade de criar as condições institucionais, normativas e infra-estruturais para que tal se materialize. 

Portanto, cabe ainda ao Estado fomentar e apoiar as iniciativas das comunidades, autarquias locais e populações, estimulando a construção privada e cooperativa bem como o acesso à casa própria. Ainda na questão acima de falta de habitação para a camada juvenil a MACHAVA (2020) refere que no país mesmo indivíduos com rendimentos mensais na ordem de 100 mil meticais têm dificuldades de aceder ao crédito de habitação devido às altas taxas de juro cobradas pelos bancos comerciais. 

Um dos exemplos mais recentes é o caso das 12 casas que o FFH inaugurou no passado dia 12 de Junho, na Cidade de Chimoio, no âmbito de um projecto que prevê a construção de 100 habitações para jovens recém-graduados de universidades e institutos, incluindo funcionários públicos. Por uma casa do Tipo 2, os beneficiários deverão pagar mensalmente 13.600 meticais, durante 15 anos. Mas, na análise da MACHAVA (2020) é neste ponto onde reside o problema dos programas de “habitação social” do FFH. Portanto, os jovens recém-graduados e os funcionários que fazem parte da classe sócio-económica de baixos rendimentos não podem ter acesso a essas habitações. 

Um quarto problema a referenciar no presente documento e que merece a nossa análise, é a questão da violência ou comportamentos desviantes. A escolha desse fenómeno como sendo um dos problemas, sem muitos detalhes é que este fenómeno envolve muitos aspectos como a criminalidade, com os jovens a virarem bandidos, a se envolverem nos roubos; assassinatos; muita violência; homicídios, suicídios. 

Tudo isso muitas vezes está envolvido com a falta de oportunidades de emprego o que faz com que o jovem tenha comportamentos desviantes. Essa atitude pode, no entanto, reflectir certo grau de abandono institucional diante do qual a evitação ou a negação de um emprego e vida condigna, restam como única alternativa. Após esse ponto em que descrevemos os problemas e as formas do seu enfrentamento dos mesmos, no ponto a seguir tecemos as nossas considerações finais, apontando que neste trabalho não descrevemos todos os problemas que afectam a juventude, pois existem um milhão de problemas.   

Considerações finais 

Neste trabalho, a questão original pode ser anunciada como a proposta de identificar os principais problemas enfrentados pelos jovens com rendimentos baixos e como eles enfrentam tendo em conta a realidade moçambicana. E conforme o texto, as drogas, falta de oportunidades de trabalho ou emprego, falta de habitação e violência ou comportamentos desviantes são os problemas que mais afectam a juventude moçambicana. Apontamos esses problemas como principais, porque referenciamos algumas fontes credenciadas em Moçambique para fazer análise dessas questões, mas estes não apenas os problemas que afectam a camada juvenil, há muitos outros que não precisamos referenciar neste documento por serem muitos. Portanto, um aspecto que merece análise, mas que não foi tratado no corpo deste trabalho, é a possibilidade de que, enfrentando dificuldades problemas, o jovem seja ele formado ou não, deve optar pelo empreendedorismo e o jovem pode acercar-se da sua realidade, conferir-lhe um carácter mais real e menos imaginário. Se isso implica em diluir os sonhos e as fantasias contidos em seus projectos de vida, por outro poderia contribuir para tornar mais factíveis seus empreendimentos. Dizem que é preciso ter esperança. 

Referências bibliográficas 

GONÇALVES, Hebe Signorini et al., Problemas da juventude e seus enfrentamentos: um estudo de representações sociais. Psicol. Soc. vol.20 no.2 Porto Alegre May/Aug. 2008. 

MACHAVA, Agostinho. Até quando este “teatro” vergonhoso do Governo perante o sofrimento dos jovens que não têm acesso à habitação? Maputo, 02 de Julho, 2020, Número 24. 

NOVAES, Regina & VANNUCHI, Paulo. (Orgs.). Juventude e sociedade. São Paulo, SP: Editora da Fundação Perseu Abramo, 2004. 

SCHENKER, Miriam & Minayo, Maria Cecília de Souza. Factores de risco e de protecção para o uso de drogas na adolescência. Ciência e Saúde Colectiva, 10(3), 2005, 707-717. Sítio de internet consultado:

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