sábado, 14 de novembro de 2020

Geografia do Turismo

Introdução

Neste pequeno artigo, começo por dizer que a Geografia desde a sua sistematização como ciência procedia na análise dos fenómenos e como estes estavam dispersos pelo espaço, lido então, como “geográfico”. Assim, a geografia do turismo é uma área independente dentro da propria Geografia, mas ela faz parte dela. Especificamente neste artigo, corremos em volta do turismo que, consderado uma actividade muito importante para as pessoas quando se fala a nivel nacacional e internaciona.

Definição

CAZES (1992) cit in ALBACH e GÂNDARA (2011) define a Geografia do turismo como aquela que estuda a distribuição da actividade turística no espaço, a produção espacial turística e a articulação espacial do sistema turístico com o sistema local.

Sem mais nos alongarmos, podemos dizer que a Geografia do turismo  é aquela em que os visitantes fazem ou consideram como uma actividade cultural e social.

Tipos de turismo

Segundo a nossa literatura consultada, vamos descrever e caracterizar cerca de 10 tipos de turismos, nomeadamente: turismo social, ecoturismo, turismo cultural, turismo de estudos de intercâmbio, turismo de exportes, turismo de pesca, turismo náutico, turismo de aventura, turismo de sol e praia, turismo de negócios e eventos, turismo rural e turismo de saúde (BRIZOLLA, s/d).

Turismo social

O Turismo Social não é visto apenas como um segmento da actividade turística, mas como uma forma de praticá-la com o objectivo de obter benefícios sociais. Assim, define-se que Turismo Social é a forma de conduzir e praticar a actividade turística promovendo a igualdade de oportunidades, a equidade, a solidariedade e o exercício da cidadania na perspectiva da inclusão (BRIZOLLA, s/d).

O sentido humanístico, a razão de ser do Turismo Social e sua função estão focados na efectivação de condições que favoreçam o exercício da cidadania - igualdade de direitos e deveres-, entendendo e trabalhando o turismo com uma perspectiva de complementaridade à vida, além da questão económica e da carência material.

Ecoturismo

Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT, 1995) o Ecoturismo é um segmento da actividade turística que utiliza, de forma sustentável, o património natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações. A prática do Ecoturismo pressupõe o uso sustentável dos atractivos turísticos.

Turismo cultural

Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT, 1995) Turismo Cultural compreende as actividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do património histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.

A definição de turismo cultural está relacionada à motivação do turista, especificamente de vivenciar o património histórico e cultural e determinados eventos culturais, de modo a preservar a integridade desses bens. 

Vivenciar implica, essencialmente, em duas formas de relação do turista com a cultura ou algum aspecto cultural: a primeira refere-se ao conhecimento, aqui entendido como a busca em aprender e entender o objecto da visitação; a segunda corresponde a experiências participativas, contemplativas e de entretenimento, que ocorrem em função do objecto de visitação.

Turismo cívico

O Turismo Cívico ocorre em função de deslocamentos motivados pelo conhecimento de monumentos, factos, observação ou participação em eventos cívicos, que representem a situação presente ou a memória política e histórica de determinados locais (BRIZOLLA, s/d). Este tipo de turismo abrange elementos do passado e do presente, relacionados à pátria: factos, acontecimentos, situações, monumentos referentes a feitos políticos e históricos.

 

 

Turismo Religioso

O Turismo Religioso configura-se pelas actividades turísticas decorrentes da busca espiritual e da prática religiosa em espaços e eventos relacionados às religiões institucionalizadas (BRIZOLLA, s/d).

A busca espiritual e a prática religiosa, nesse caso, caracterizam-se pelo deslocamento a espaços e eventos para fins de:

  1. Realização de peregrinações e romarias;
  2. Participação em retiros espirituais;
  3. Participação em festas e comemorações religiosas;
  4. Contemplação de apresentações artísticas de carácter religioso;
  5. Participação em eventos e celebrações relacionados à evangelização de fiéis;
  6. Visitação a espaços e edificações religiosas (igrejas, templos, santuários, terreiros);
  7. Realização de itinerários e percursos de cunho religioso, entre outros.

Turismo Místico e Esotérico

O Turismo Místico e o Turismo Esotérico caracterizam-se pelas actividades turísticas decorrentes da busca da espiritualidade e do autoconhecimento em práticas, crenças e rituais considerados alternativos (BRIZOLLA, s/d). Dentre as actividades típicas desse tipo de turismo, pode-se citar as caminhadas de cunho espiritual e místico, as práticas de meditação e de energização, entre outras.

Turismo Étnico

O Turismo Étnico constitui-se das actividades turísticas decorrentes da vivência de experiências autênticas em contactos directos com os modos de vida e a identidade de grupos étnicos. Busca-se estabelecer um contacto próximo com a comunidade anfitriã, participar de suas actividades tradicionais, observar e aprender sobre suas expressões culturais, estilos de vida e costumes singulares (BRIZOLLA, s/d).

Turismo de estudos de intercâmbio

O Turismo de Estudos e Intercâmbio constitui-se da movimentação turística gerada por actividades e programas de aprendizagem e vivências para fins de qualificação, ampliação de conhecimento e de desenvolvimento pessoal e profissional (BRIZOLLA, s/d). 

 

Podem-se constituir actividades desse tipo de turismo: o intercâmbio estudantil, esportivo e universitário; a operacionalização de acordos de cooperação entre países, estados e municípios na área educacional e entre instituições pedagógicas; os cursos de idiomas, cursos técnicos, profissionalizantes e cursos de artes; e as visitas técnicas, pesquisas científicas e os estágios profissionalizantes, além dos trabalhos voluntários com carácter pedagógico.

Turismo de exportes

Sendo assim, considerando o movimento turístico motivado pelo exporte, estabelece-se que Turismo de Exportes compreende as actividades turísticas decorrentes da prática, envolvimento ou observação de modalidades esportivas (BRIZOLLA, s/d).

Turismo de pesca

Assim, o Turismo de Pesca compreende as actividades turísticas decorrentes da prática da pesca amadora (BRIZOLLA, s/d).

As actividades turísticas que se efectivam em função da prática da pesca amadora:

  • Operação e agenciamento
  • Transporte
  • Hospedagem
  • Alimentação
  • Recepção
  • Recreação e entretenimento
  • Eventos
  • Actividades complementares

Turismo náutico

Turismo Náutico caracteriza-se pela utilização de embarcações náuticas com finalidade da movimentação turística (BRIZOLLA, s/d).

O Turismo Náutico requer políticas e acções integradas que possam incentivar a elaboração de produtos e roteiros turísticos e a estruturação de destinos tais como a construção de marinas públicas, a adequação dos portos, a implantação e a qualificação de serviços de receptivo e equipamentos turísticos nas regiões portuárias e outros locais onde ocorram actividades pertinentes ao segmento.

Turismo de aventura

Define-se o Turismo de Aventura como os movimentos turísticos decorrentes da prática de actividades de aventura de carácter recreativo e não competitivo.

As actividades de aventura pressupõem determinado esforço e riscos controláveis, e que podem variar de intensidade conforme a exigência de cada actividade e a capacidade física e psicológica do turista. Isso requer que o Turismo de Aventura seja tratado de modo particular, especialmente quanto aos aspectos relacionados à segurança (BRIZOLLA, s/d).

Turismo de sol e praia

Turismo de Sol e Praia constitui-se das actividades turísticas relacionadas à recreação, entretenimento ou descanso em praias, em função da presença conjunta de água, sol e calor (BRIZOLLA, s/d).

Turismo de negócios e eventos

Os deslocamentos realizados para trocas comerciais e para participação em eventos ocorrem desde as antigas civilizações e tornaram-se comuns a partir da Revolução Industrial, quando as viagens tomaram grande impulso, facilitadas principalmente pelo aprimoramento dos meios de transporte e de comunicação (BRIZOLLA, s/d).

 

Desta forma o Turismo de Negócios e Eventos compreende o conjunto de actividades turísticas decorrentes dos encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de carácter comercial, promocional, técnico, científico e social.

Turismo rural

A conceituação de Turismo Rural segundo (BRIZOLLA, s/d) fundamenta-se em aspectos que se referem ao turismo, ao território, à base económica, aos recursos naturais e culturais, à sociedade, e ao campo afectivo. Com base nesses aspectos, define-se que Turismo Rural é o conjunto de actividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agro-pecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o património cultural e natural da comunidade.

Turismo de saúde

Os primeiros deslocamentos em busca de soluções para os males físicos remontam às civilizações grega, romana e árabe, e ao uso de águas medicinais principalmente sob a forma de banhos. Na Grécia, os templos chamados “athleticus” eram construídos para banhos aos quais se atribuía a capacidade de curar doenças. Os gregos também iniciaram a utilização de práticas hidroterápicas, acompanhadas de massagens e dietas especiais (BRIZOLLA, s/d).

Seguindo este sentido, o Turismo de Saúde constitui-se das actividades turísticas decorrentes da utilização de meios e serviços para fins médicos, terapêuticos e estéticos.

Principais áreas turísticas do mundo

A seguir são apresentadas as principais áreas turísticas do mundo.

Tabela 1: Os 10 maiores destinos do turismo internacional em 2008

Posição

País

Continente

1

França

Europa

2

Estados unidos

América do norte

3

Espanha

Europa

4

China

Ásia

5

Itália

Europa

6

Reino unido

Europa

7

Ucrânia

Europa

8

Turquia

Europa

9

Alemanha

Europa

10

México

América do norte

 

As principais áreas turísticas de Moçambique

Moçambique possui um potencial turístico baseado nos ricos e ainda por explorar recursos naturais, uma cultura diversificada com um povo hospitaleiro. A combinação do turismo de praia tropical ao longo da imensa costa, com a vida cosmopolita das nossas cidades, a incomparável e rica diversidade de flora e fauna assim como o magnífico mosaico cultural, oferecem uma plataforma sustentável para um destino turístico incontestável (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2006).

Historicamente, Moçambique conquistou a posição de destino turístico de primeira classe em África e este sector jogava um papel importante na economia do País. O turismo desenvolveu-se em torno de 3 temas: as praias, a fauna e o ambiente dinâmico oferecido pelos centros urbanos e concentrava-se principalmente nas zonas Sul e Centro do País. 

O produto faunístico encontrava-se muito desenvolvido e o Parque Nacional de Gorongoza era considerado uma das melhores reservas de animais de África Austral e a caça nas coutadas, na zona Centro, possuía padrão internacional (Ministério do Turismo, 2006).

 

Desta maneira, as principais regiões geográficas do turismo em Moçambique são: Norte (Nampula, Cabo Delgado e Niassa), Centro (Sofala, Manica, Tete e Zambézia) e Sul (Província e cidade de Maputo, Inhambane e Gaza).

Importância do turismo para a economia dos países

O Turismo é um sector económico em constante crescimento em todo o Mundo. É uma actividade económica internacional que, em 2001, contribuiu com 4.2 % para o Produto Interno Bruto (PIB) da economia Global e empregou 8.2% da população economicamente activa do mundo. É um negócio internacional com crescimento altamente competitivo (PEDTM 2003-2014).

Segundo os indicadores de referência na área do turismo (2010), as chegadas internacionais totalizaram 2.030.000 turistas e visitantes a Moçambique em 2008 (MITUR, 2010 citado por MAIELA, 2013).

Segundo SILVA (2005) citado por NODARI (2007), “o turismo se preocupa com a produção e distribuição de bens e serviços que tornam possíveis os benefícios esperados pelos turistas em viagens”, embora tais bens e serviços possam ser produzidos em diversos sectores da economia.

A expansão turística representa aumento na demanda por produtos agrícolas, mobiliários, transportes, construção civil e outros. A aquisição de produtos na localidade contribui para a elevação do número de empregos, gera mais receita para empresários, aumenta a receita tributária e fixa a população. Os impactos económicos gerados pela actividade turística são: Redução dos desequilíbrios regionais – nas regiões com nível baixo de renda média, o aumento da demanda turística provoca uma série de efeitos multiplicadores sobre diferentes sectores produtivos que lá funcionam (NODARI, 2007).

Esta demanda adicional enseja uma ampla gama de aquisições de bens e serviços que, por sua vez, faz com que outros bens e serviços sejam adquiridos, e assim sucessivamente. Contribuição na Arrecadação de Impostos – A actividade turística tem uma importante contribuição para a arrecadação de tributos.

 

Impacto ambiental do turismo

O exercício da actividade turística provoca impactos ambientais positivos e negativos, envolvendo o ambiente natural, o ambiente transformado e o ambiente sociocultural. No entanto, o ambiente natural é mais vulnerável aos impactos ambientais negativos do turismo.

Os impactos positivos do turismo decorrem do facto de esta actividade poder subsidiar os custos de conservação do ambiente (BELTRÃO, 2001 citado por FANDÉ & PEREIRA, 2014).

Outros impactos positivos do turismo são a conservação da herança cultural, o fortalecimento da identidade cultural e o intercâmbio intercultural (DIAS, 2005 citado por FANDÉ & PEREIRA, 2014).

Os principais impactos ambientais negativos do turismo são: poluição e contaminação de cursos de água e de praias; poluição atmosférica, visual e sonora; desmatamento, distúrbios à vida selvagem e perda de biodiversidade; congestionamento; compactação, erosão e perda de fertilidade do solo; danos a monumentos, sítios arqueológicos, lugares e construções históricas; choques culturais; transformação dos valores e condutas morais; difusão de epidemias; sexo, crime e mercantilização da cultura (FERRETTI, 2002; DIAS, 2005 citado por FANDÉ & PEREIRA, 2014).

De acordo com DIAS (2005) citado por FANDÉ e PEREIRA (2014): “[...] uma lista dos impactos ambientais provocados pelo turismo será sempre incompleta pela diversidade de efeitos que a actividade provoca no meio ambiente, daí a necessidade de monitoramento permanente”.

Contudo, diz-se que os efeitos negativos do turismo podem ser evitados ou atenuados através de planeamento turístico integrado, que considera aspectos tradicionais do planeamento (mercado, económicos, financeiros, técnicos e coordenação do território) e planeamento ecológico, que inclui aspectos ambientais (CASASOLA, 2003 citado por FANDÉ & PEREIRA, 2014). O planeamento sustentável do turismo pode gerar conflitos durante seu desenvolvimento, mas a compensação virá no futuro, com rentabilidade a longo prazo (VALLS, 2006 citado por FANDÉ & PEREIRA, 2014).

Conclusões

O presente trabalho discorreu em volta do turismo. Assim, quanto ao turismo este aparece como temática em evolução. E encontra na Geografia oportunidade para aprimorar sua compreensão. Dentre diversas rotulagens, a Geografia do Turismo surge para ser pensada dentro de uma ciência que historicamente liga-se a estudos do meio físico, e quando há um olhar para a sociedade, evidenciam-se os movimentos sociais e as minorias. O turismo exige da economia um conjunto de actividades produtivas, no qual os serviços têm um carácter prevalente que interessam a todos os sectores económicos de um país ou uma região. O turismo se caracteriza por possuir, uma interdependência estrutural com as demais actividades, em maior grau e intensidade que qualquer outra actividade produtiva.

Referências

ALBACH, V. M. & GÂNDARA, J. M. G. Existe uma Geografia do Turismo? Revista Geográfica de América Central, Número Especial EGAL, 2011- Costa Rica, II Semestre 2011, pp. 1-16.

 

BRIZOLLA, T. (coord.). (s/d). Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil. 

FANDÉ, M. B. & PEREIRA, V. F. G. C. Impactos ambientais do turismo: um estudo sobre a percepção de moradores e turistas no Município de Paraty-RJ. Revista do Centro do Ciências Naturais e Exactas - UFSM, Santa Maria Revista Electrónica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental – REGET e-ISSN2236 1170 - V. 18 n 3 Set-Dez 2014, p.1170-1178.

MAIELA, A. A. Turismo: Factores de Desenvolvimento Social: estudo multicasco. Pemba. Moçambique. Dissertação (Mestrado). Pemba, 26 de Setembro de 2013.

NODARI, M. Z. R. As contribuições do turismo para a economia de foz do Iguaçu. Dissertação (Mestrado). Curitiba, Agosto de 2007.

OMT. Introdução à metodologia da pesquisa em turismo. São Paulo: Roca, 2005.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Ministério do Turismo. Estratégia De Marketing Turístico 2006-2013. Maputo, Novembro de 2006.

 

 












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