Causas e consequências da Solidão na Velhice
Causas e consequências da Solidão na Velhice
Este trabalho é desenvolvido no âmbito das
possíveis causas e consequências da solidão na velhice, o mesmo pretende
reflectir em torno destas causas abordando como as mesmas causas influenciam
negativamente na vida da pessoa idosa. No entanto, quando se chega na velhice
acontecem diversos problemas que fazem com que o idoso passe a não viver bem
esta fase, se trata neste caso de casos como a solidão que surge na velhice
relacionada a múltiplos factores, então neste trabalho vamos abordar em
primeiro lugar da velhice, seguidamente vamos falar da solidão, mais adiante
das causas da solidão na velhice que estarão ligados com as causas gerais da
solidão, finalmente algumas estratégias que devem ser adoptadas pelos idosos
por forma a prevenir ou a combater a solidão. Trata-se, portanto, de uma
pesquisa de cunho bibliográfico.
A velhice é o conceito que define o grupo dos
indivíduos que possuem mais anos de vida (FONTAINE, 2000). E de acordo a
Organização Mundial de Saúde, velho é aquele que já completou os 65 anos
(citado por OLIVEIRA, 2010).
Já o conceito de envelhecimento é, segundo
FONTAINE (2000), um processo de degradação progressiva que varia de indivíduo
para indivíduo e que afecta todos os seres vivos. Tem início com o nascimento e
o seu término é a morte.
Em suma, por nossas palavras, podemos dizer
que o envelhecimento biológico é inevitável e irreversível. Envelhece-se desde
que se nasce.
A última etapa da vida, a velhice é, segundo
(ALMEIDA, 2006), um período em que a estrutura corporal se vai alterando de uma
for ma mais visível e rápida.
A nível físico altera-se a aparência com o
aparecimento das rugas e dos cabelos brancos. O esqueleto modifica - se, dá -
se uma diminuição da força, da destreza, da capacidade de recuperar dos
esforços, por outro lado, existe um aumento da vulnerabilidade às doenças,
(COUVANEIRO & CABRERA, 2009). Na
opinião destes autores, estas transformações são incapacitantes e diminuem a
funcionalidade, relacionada com a autonomia no desempenho de tarefas de
cuidados pessoais e da adaptação ao meio em que se vive. Os mesmos autores também nos advertem par a
alguns problemas intelectuais causados pelo envelheci mento, como sejam, menor
capacidade de concentração, de memorização, assimilação de informação e de
expressão.
Segundo Correia citado por MONTEIRO e MONTEIRO
(2013), qualquer pessoa independentemente da idade, precisa de ter alguém,
familiar ou amigo, em quem se apoiar. Todos necessitamos de alguém que nos
ajude, em caso de doença, na resolução de qualquer problema, ou simplesmente
para conversar. As pessoas que mantêm uma relação de intimidade com outro
serão, de um modo geral, mais capazes de suportar as mudanças e privações a que
estão sujeitas, no decorrer do envelhecimento, pelo que idosos solteiros,
viúvos ou divorciados apresentam mais sentimentos de solidão.
Existe uma crença de que o idoso tem
capacidades limitadas, tais como a memória, a aprendizagem ou a criatividade, e
estas estão enraizadas nas sociedades. No entanto, com o avançar da idade a
maioria das pessoas idosas reduzem a sua participação na comunidade, o que pode
originar sentimentos de solidão e desvalorização, com efeitos ao nível da
integração social e familiar e ao nível da saúde física e psíquica.
De acordo com estudos de PAIS (2006), os
relatos relacionados com a solidão dos idosos estão evidenciados as causas de abandono
e desamparo, ruptura de laços afectivos, desencontro com o outro ou consigo
próprio. Pode ter subjacentes como acontecimentos de vida, a morte de um
conjugue, a reforma, migração, dependência ou outros eventos que contenham o
sentimento de perda dos papéis anteriores importantes.
Segundo (PAIS, 2006), a solidão pode ter
vários rostos, existindo para este autor, a solidão do ressentimento sentida
pela pessoa cujo desejo de amor em relação a outro foi de tal modo ferido ou
perturbado, que mais tarde, dificilmente pode reviver a experiência sem sentir
a dor; A solidão da perda provocada pela ausência, em especial pela morte de
quem se tinha um relacionamento
exemplar, podendo ser o caso da morte de um conjugue, de um filho ou até a morte de um animal; A solidão, sentida pela
separação, mesmo que se não deixe de estar unido a outros, ou seja, embora em companhia de
outros, pode sentir-se a solidão pela ausência dos afectos perdidos; Outro tipo de solidão é a
experienciada na procura de um outro imaginário, onde se comunica a impossibilidade de
comunicar, o que o autor designa por solidão da procura.
Segundo FREITAS (2011) citando Butter, diz que
as pessoas mais jovens têm a percepção de que a solidão é um sentimento muito
presente nos mais velhos. Contudo, é
também comum fazer-se uma associação directa entre a velhice e a solidão, visto
que se considera normal a existência deste sentimento por parte do idoso. Esta
visão espelha muitas das atitudes comuns sobre o envelhecimento, pois, de um
modo geral, os idosos são considerados conservadores, inflexíveis, passivos,
com doenças físicas e mentais. A generalização reforça os mitos e estereótipos,
chegando a verificar-se muitas atitudes discriminatórias que afectam esta
camada da população.
Pesquisas apontam que se discute mais sobre o
processo de envelhecimento em relação a questão da solidão que para LOPES et al., citados por citado por MATIAS et al., (2013), defendem que, a solidão
é uma condição pouco investigada e reconhecida pelos profissionais de geriatria
e gerontologia, a solidão traz isolamento, provocando um vazio que pode se
manifestar em todas as fases da vida, consistindo de forma mais frequente na
velhice. Através do abandono, agravos
podem surgir como problemas psicoemocionais como é o caso da depressão.
No que propriamente as causas gerais da
solidão na velhice vários autores com suas pesquisas nos trazem diversas causas
da solidão nesta fase que veremos no decurso desta parte do trabalho. Deste
modo, o isolamento é um dos fenómenos que pode promover a solidão, embora esta
se relacione mais com aspectos qualitativos.
Porém, WEISS et al., citados por FREITAS (2011), sugerem que a solidão é “um
sentimento que consiste no isolamento emocional que resulta da perda ou
inexistência de laços íntimos e do isolamento social, com a consequente
ausência de uma rede social com os seus pares”.
Por outro lado, os idosos podem ter uma rede social extensa e sentirem-se
sozinhos, se esta não corresponder às suas necessidades.
Por sua vez, FERNANDES (2007), vem a defender
que, a solidão resulta de factores situacionais e de características pessoais,
o modo como cada um de nós encara as diversas situações da vida e como lidamos
com o nosso quotidiano vai se fazer com que nos sintamos mais ou menos sós e
que a solidão nos atinja com maior ou menor intensidade.
Um estudo realizado por RUSSELL et al., citado por Neto em FERNANDES (2007),
indicou que “... as medidas de solidão
social e emocional estão ligadas, respectivamente, à falta de amizade e de
relações íntimas (...) a solidão social e emocional, partilhavam um núcleo comum
de mal-estar, mas tinham também elementos únicos de experiência subjectiva”. Deste modo ou nesta perspectiva, pode dizer-se
que se uma pessoa se sentir só ou sentir solidão em casa na dimensão emocional,
também o irá sentir na rua, ou seja, no meio da sociedade, independentemente
das suas relações sociais serem boas. Se não tiver alguém ao seu lado para
partilhar o seu dia-a-dia, uma relação romântica satisfatória, irá sentir
solidão, mas neste caso numa dimensão diferente da anterior.
Segundo FERNANDES, (2007), a solidão procura
solidão e, quanto mais uma pessoa se isola, à medida que o tempo vai passando,
mais isolada quer estar. Quando as pessoas se sentem sozinhas, com sentimentos
de angústia, insatisfação e exclusão, se apercebem que a solidão é a sua
companhia, o rosto entristece, a alma desvanece, um forte pesar parece invadir
o pensamento, o cenário torna-se deprimente e o futuro é sem esperança. O autor
acrescenta ainda que, a solidão inclui desejo do passado, frustração com o presente
e medos acerca do futuro.
Ainda sobre a solidão na velhice, estudos de autores
como Pinquarte e Sorenson citados por FREITAS (2011), falam-nos de quatro
preditores da solidão, como o estado civil e laços sociais que são
determinantes no surgimento da solidão, sendo que a falta de integração e apoio
social é uma das principais causas da solidão. As variáveis sociodemográficas,
como o caso do sexo, a idade e o estatuto socioeconómico, são também preditores
de solidão, pois segundo estes autores constata-se, por exemplo, que as
mulheres mais velhas relatam maiores níveis de solidão do que os homens, o que
se deve à viuvez da maioria delas.
MORALES e MOYA (1996) citado por MONTEIRO e
NETO (2008), referem que a solidão está relacionada com as características da personalidade
do indivíduo, como ser introvertido, tímido, ansioso, ter tendência para a
depressão; características sociodemográficas, como a idade e o estado civil; com
a baixa auto-estima; com competências sociais, como um comportamento tímido na
relação com os outros.
De forma resumida segundo (NETO, 2000),
existem características pessoais que podem levar à emergência da solidão como a
depressão, bem como a timidez, a auto-estima, o autoconceito e as habilidades
sociais.
Contudo, falamos muito sobre as causas que
provocam a solidão na velhice, não obstante, existem segundo NERIL e FREIRE
(2000), trazem-nos algumas estratégias que podem ajudar os idosos a prevenir ou
a combater a solidão, conforme descritos abaixo:
- conhecer novas pessoas e fazer novas amizades;
- participar em actividades sociais voluntárias;
- transmitir saberes e experiências a outras pessoas;
- encontrar novos canais de comunicação entre pessoas da mesma geração e
de outras gerações;
- envolver-se em grupos de culturais;
- Mentalizar-se do seu papel como cidadão na sociedade e reconhecer os
seus direitos e deveres;
- investir em si próprio, cuidando da saúde física e mental;
- convencer-se que a adaptação às mudanças naturais da velhice traz
dificuldades, mas fazer com que isso não leve a um afastamento social, a uma
inactividade, a um isolamento, e à depressão;
- favorecer o crescimento a nível espiritual;
- saber eleger as prioridades pessoais e defender a privacidade.
Portanto segundo os autores, estão aqui
algumas estratégias que podem ajudar os idosos a prevenir ou a combater a
solidão no decurso da sua vida, não é possível aplicar todas as estratégias,
mas, algumas podem servir.
Em formas de conclusão, é fundamental referir
que este trabalho esteve munido de muito material que no decurso da sua
realização permitiu-nos concluir que realmente o envelhecimento é uma fase
muito complexa devido os problemas que nele ocorrem. As causas e efeitos da
solidão podem ser diversos conforme a cultura da pessoa. Portanto, a solidão
resulta de factores situacionais e das características pessoais do indivíduo.
Em relação aos factores situacionais, podemos incluir a redução dos contactos
sociais, o estatuto social em disponibilidade, a perda das relações, redes
sociais pouco adequadas, novos acontecimentos, fracasso e factores temporais.
As principais características pessoais que podem levar à emergência da solidão referenciados
neste trabalho são a depressão, bem como a timidez, a auto-estima, o
autoconceito e as habilidades sociais.
FERNANDES, H. J. Solidão em Idosos do meio
Rural do Concelho de Bragança. (Dissertação). Porto, 2007.
FREITAS, P.C. B. Solidão em Idosos: Percepção
em Função da Rede Social - II Ciclo em Gerontologia Social Aplicada. Universidade Católica Portuguesa Centro
Regional de Braga, Faculdade de Ciências Sociais, Braga 2011.
LOPES, R.F. et al., Entendendo a solidão do idoso. Revista Científica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009, Geriatra do Hospital
Universitário Antônio Pedro - Campus Mequinho -
da Universidade Federal Fluminense.
MATIAS, G.F.S. et.al., Solidão na Percepção de
Idosos Institucionalizados: Compreendendo os factores condicionantes), 2013. [disponível
em: <www.convibra.org> consultado em: 19 Nov. 2017].
MONTEIRO & MONTEIRO. Envelhecer na
Actualidade: Perspectiva dos idosos. (Monografia). Universidade do Mindelo,
2013.
MONTEIRO, H. & NETO, F. Universidades da
terceira idade: Da solidão aos motivos
para a sua frequência. Legis Editora. Porto, 2008.
NERIL, A. & FREIRE, S. E por falar em boa
velhice. Papirus. Campinas, 2000.
NETO, F. Psicología social (Vol. II). Lisboa:
Universidade Aberta, 2000.
PAIS, J. M. Nos rastos da solidão. 2ed.
editora Ambar. Porto, 2006.