domingo, 10 de dezembro de 2017

Causas e consequências da Solidão na Velhice



Causas e consequências da Solidão na Velhice




Este trabalho é desenvolvido no âmbito das possíveis causas e consequências da solidão na velhice, o mesmo pretende reflectir em torno destas causas abordando como as mesmas causas influenciam negativamente na vida da pessoa idosa. No entanto, quando se chega na velhice acontecem diversos problemas que fazem com que o idoso passe a não viver bem esta fase, se trata neste caso de casos como a solidão que surge na velhice relacionada a múltiplos factores, então neste trabalho vamos abordar em primeiro lugar da velhice, seguidamente vamos falar da solidão, mais adiante das causas da solidão na velhice que estarão ligados com as causas gerais da solidão, finalmente algumas estratégias que devem ser adoptadas pelos idosos por forma a prevenir ou a combater a solidão. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de cunho bibliográfico.


A velhice é o conceito que define o grupo dos indivíduos que possuem mais anos de vida (FONTAINE, 2000). E de acordo a Organização Mundial de Saúde, velho é aquele que já completou os 65 anos (citado por OLIVEIRA, 2010).

Já o conceito de envelhecimento é, segundo FONTAINE (2000), um processo de degradação progressiva que varia de indivíduo para indivíduo e que afecta todos os seres vivos. Tem início com o nascimento e o seu término é a morte.
Em suma, por nossas palavras, podemos dizer que o envelhecimento biológico é inevitável e irreversível. Envelhece-se desde que se nasce.

A última etapa da vida, a velhice é, segundo (ALMEIDA, 2006), um período em que a estrutura corporal se vai alterando de uma for ma mais visível e rápida.

A nível físico altera-se a aparência com o aparecimento das rugas e dos cabelos brancos. O esqueleto modifica - se, dá - se uma diminuição da força, da destreza, da capacidade de recuperar dos esforços, por outro lado, existe um aumento da vulnerabilidade às doenças, (COUVANEIRO & CABRERA, 2009).   Na opinião destes autores, estas transformações são incapacitantes e diminuem a funcionalidade, relacionada com a autonomia no desempenho de tarefas de cuidados pessoais e da adaptação ao meio em que se vive.  Os mesmos autores também nos advertem par a alguns problemas intelectuais causados pelo envelheci mento, como sejam, menor capacidade de concentração, de memorização, assimilação de informação e de expressão.


Segundo Correia citado por MONTEIRO e MONTEIRO (2013), qualquer pessoa independentemente da idade, precisa de ter alguém, familiar ou amigo, em quem se apoiar. Todos necessitamos de alguém que nos ajude, em caso de doença, na resolução de qualquer problema, ou simplesmente para conversar. As pessoas que mantêm uma relação de intimidade com outro serão, de um modo geral, mais capazes de suportar as mudanças e privações a que estão sujeitas, no decorrer do envelhecimento, pelo que idosos solteiros, viúvos ou divorciados apresentam mais sentimentos de solidão.

Existe uma crença de que o idoso tem capacidades limitadas, tais como a memória, a aprendizagem ou a criatividade, e estas estão enraizadas nas sociedades. No entanto, com o avançar da idade a maioria das pessoas idosas reduzem a sua participação na comunidade, o que pode originar sentimentos de solidão e desvalorização, com efeitos ao nível da integração social e familiar e ao nível da saúde física e psíquica.


De acordo com estudos de PAIS (2006), os relatos relacionados com a solidão dos idosos estão evidenciados as causas de abandono e desamparo, ruptura de laços afectivos, desencontro com o outro ou consigo próprio. Pode ter subjacentes como acontecimentos de vida, a morte de um conjugue, a reforma, migração, dependência ou outros eventos que contenham o sentimento de perda dos papéis anteriores importantes.

Segundo (PAIS, 2006), a solidão pode ter vários rostos, existindo para este autor, a solidão do ressentimento sentida pela pessoa cujo desejo de amor em relação a outro foi de tal modo ferido ou perturbado, que mais tarde, dificilmente pode reviver a experiência sem sentir a dor; A solidão da perda provocada pela ausência, em especial pela morte de quem se tinha um  relacionamento exemplar, podendo ser o caso da morte de um conjugue, de um filho ou até a  morte de um animal; A solidão, sentida pela separação, mesmo que se não deixe de estar unido  a outros, ou seja, embora em companhia de outros, pode sentir-se a solidão pela ausência dos  afectos perdidos; Outro tipo de solidão é a experienciada na procura de um outro imaginário,  onde se comunica a impossibilidade de comunicar, o que o autor designa por solidão da procura.

Segundo FREITAS (2011) citando Butter, diz que as pessoas mais jovens têm a percepção de que a solidão é um sentimento muito presente nos mais velhos.  Contudo, é também comum fazer-se uma associação directa entre a velhice e a solidão, visto que se considera normal a existência deste sentimento por parte do idoso. Esta visão espelha muitas das atitudes comuns sobre o envelhecimento, pois, de um modo geral, os idosos são considerados conservadores, inflexíveis, passivos, com doenças físicas e mentais. A generalização reforça os mitos e estereótipos, chegando a verificar-se muitas atitudes discriminatórias que afectam esta camada da população.

Pesquisas apontam que se discute mais sobre o processo de envelhecimento em relação a questão da solidão que para LOPES et al., citados por citado por MATIAS et al., (2013), defendem que, a solidão é uma condição pouco investigada e reconhecida pelos profissionais de geriatria e gerontologia, a solidão traz isolamento, provocando um vazio que pode se manifestar em todas as fases da vida, consistindo de forma mais frequente na velhice.  Através do abandono, agravos podem surgir como problemas psicoemocionais como é o caso da depressão.


No que propriamente as causas gerais da solidão na velhice vários autores com suas pesquisas nos trazem diversas causas da solidão nesta fase que veremos no decurso desta parte do trabalho. Deste modo, o isolamento é um dos fenómenos que pode promover a solidão, embora esta se relacione mais com aspectos qualitativos. 

Porém, WEISS et al., citados por FREITAS (2011), sugerem que a solidão é “um sentimento que consiste no isolamento emocional que resulta da perda ou inexistência de laços íntimos e do isolamento social, com a consequente ausência de uma rede social com os seus pares”.  Por outro lado, os idosos podem ter uma rede social extensa e sentirem-se sozinhos, se esta não corresponder às suas necessidades.  
Por sua vez, FERNANDES (2007), vem a defender que, a solidão resulta de factores situacionais e de características pessoais, o modo como cada um de nós encara as diversas situações da vida e como lidamos com o nosso quotidiano vai se fazer com que nos sintamos mais ou menos sós e que a solidão nos atinja com maior ou menor intensidade.

Um estudo realizado por RUSSELL et al., citado por Neto em FERNANDES (2007), indicou que “... as medidas de solidão social e emocional estão ligadas, respectivamente, à falta de amizade e de relações íntimas (...) a solidão social e emocional, partilhavam um núcleo comum de mal-estar, mas tinham também elementos únicos de experiência subjectiva”.  Deste modo ou nesta perspectiva, pode dizer-se que se uma pessoa se sentir só ou sentir solidão em casa na dimensão emocional, também o irá sentir na rua, ou seja, no meio da sociedade, independentemente das suas relações sociais serem boas. Se não tiver alguém ao seu lado para partilhar o seu dia-a-dia, uma relação romântica satisfatória, irá sentir solidão, mas neste caso numa dimensão diferente da anterior.

Segundo FERNANDES, (2007), a solidão procura solidão e, quanto mais uma pessoa se isola, à medida que o tempo vai passando, mais isolada quer estar. Quando as pessoas se sentem sozinhas, com sentimentos de angústia, insatisfação e exclusão, se apercebem que a solidão é a sua companhia, o rosto entristece, a alma desvanece, um forte pesar parece invadir o pensamento, o cenário torna-se deprimente e o futuro é sem esperança. O autor acrescenta ainda que, a solidão inclui desejo do passado, frustração com o presente e medos acerca do futuro.

Ainda sobre a solidão na velhice, estudos de autores como Pinquarte e Sorenson citados por FREITAS (2011), falam-nos de quatro preditores da solidão, como o estado civil e laços sociais que são determinantes no surgimento da solidão, sendo que a falta de integração e apoio social é uma das principais causas da solidão. As variáveis sociodemográficas, como o caso do sexo, a idade e o estatuto socioeconómico, são também preditores de solidão, pois segundo estes autores constata-se, por exemplo, que as mulheres mais velhas relatam maiores níveis de solidão do que os homens, o que se deve à viuvez da maioria delas.

MORALES e MOYA (1996) citado por MONTEIRO e NETO (2008), referem que a solidão está relacionada com as características da personalidade do indivíduo, como ser introvertido, tímido, ansioso, ter tendência para a depressão; características sociodemográficas, como a idade e o estado civil; com a baixa auto-estima; com competências sociais, como um comportamento tímido na relação com os outros.
De forma resumida segundo (NETO, 2000), existem características pessoais que podem levar à emergência da solidão como a depressão, bem como a timidez, a auto-estima, o autoconceito e as habilidades sociais.


Contudo, falamos muito sobre as causas que provocam a solidão na velhice, não obstante, existem segundo NERIL e FREIRE (2000), trazem-nos algumas estratégias que podem ajudar os idosos a prevenir ou a combater a solidão, conforme descritos abaixo:

   - conhecer novas pessoas e fazer novas amizades;

   - participar em actividades sociais voluntárias;

   - transmitir saberes e experiências a outras pessoas;

 - encontrar novos canais de comunicação entre pessoas da mesma geração e de outras gerações;

  - envolver-se em grupos de culturais;

 - Mentalizar-se do seu papel como cidadão na sociedade e reconhecer os seus direitos e deveres;

  - investir em si próprio, cuidando da saúde física e mental;

 - convencer-se que a adaptação às mudanças naturais da velhice traz dificuldades, mas fazer com que isso não leve a um afastamento social, a uma inactividade, a um isolamento, e à depressão;

  - favorecer o crescimento a nível espiritual;

  - saber eleger as prioridades pessoais e defender a privacidade.

Portanto segundo os autores, estão aqui algumas estratégias que podem ajudar os idosos a prevenir ou a combater a solidão no decurso da sua vida, não é possível aplicar todas as estratégias, mas, algumas podem servir.



Em formas de conclusão, é fundamental referir que este trabalho esteve munido de muito material que no decurso da sua realização permitiu-nos concluir que realmente o envelhecimento é uma fase muito complexa devido os problemas que nele ocorrem. As causas e efeitos da solidão podem ser diversos conforme a cultura da pessoa. Portanto, a solidão resulta de factores situacionais e das características pessoais do indivíduo. Em relação aos factores situacionais, podemos incluir a redução dos contactos sociais, o estatuto social em disponibilidade, a perda das relações, redes sociais pouco adequadas, novos acontecimentos, fracasso e factores temporais. As principais características pessoais que podem levar à emergência da solidão referenciados neste trabalho são a depressão, bem como a timidez, a auto-estima, o autoconceito e as habilidades sociais.


FERNANDES, H. J. Solidão em Idosos do meio Rural do Concelho de Bragança. (Dissertação). Porto, 2007.

FREITAS, P.C. B. Solidão em Idosos: Percepção em Função da Rede Social - II Ciclo em Gerontologia Social Aplicada.  Universidade Católica Portuguesa Centro Regional de Braga, Faculdade de Ciências Sociais, Braga 2011.

LOPES, R.F. et al., Entendendo a solidão do idoso. Revista Científica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009, Geriatra do Hospital Universitário Antônio Pedro - Campus Mequinho -  da Universidade Federal Fluminense.

MATIAS, G.F.S. et.al., Solidão na Percepção de Idosos Institucionalizados: Compreendendo os factores condicionantes), 2013. [disponível em: <www.convibra.org> consultado em: 19 Nov. 2017].

MONTEIRO & MONTEIRO. Envelhecer na Actualidade: Perspectiva dos idosos. (Monografia). Universidade do Mindelo, 2013.

MONTEIRO, H. & NETO, F. Universidades da terceira idade:  Da solidão aos motivos para a sua frequência. Legis Editora. Porto, 2008.

NERIL, A. & FREIRE, S. E por falar em boa velhice. Papirus. Campinas, 2000.

NETO, F. Psicología social (Vol. II). Lisboa: Universidade Aberta, 2000.

PAIS, J. M. Nos rastos da solidão. 2ed. editora Ambar. Porto, 2006.





[1] In NERIL e FREIRE (2000).